quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sudoeste dos Estados Unidos



Esse é o relato de uma viagem que fizemos pelos desertos do sul dos Estados Unidos em outubro de 2015. Até então, nunca havíamos nos interessado turisticamente pelos Estados Unidos. Poucas cidades americanas nos interessam de fato e parece existir um foco na modernidade das grandes cidades. Nós, no entanto, nos interessamos principalmente por ecoturismo e por turismo histórico. Ainda assim, uma viagem pelo sudoeste americano era uma ideia que nos agradava.


Como em outras viagens que fizemos, preferimos alugar um carro para termos mais autonomia.  Reservamos o carro pelo site http://www.rentcars.com.br/, e foi muito bom porque o contrato sai em português, o pagamento foi antecipado e em reais (um custo de viagem a menos a ficar na dependência da variação cambial e para pagamento a posteriori).  Este site possui várias opções de carro e trabalha com diversas locadoras, grandes e pequenas.  Precisávamos de uma locadora que nos permitisse pegar o carro em San Francisco e devolver em Las Vegas, e nem todas fazem isso.

Dirigir nos Estados Unidos foi uma experiência tranquila. Sabíamos que estávamos em um país estrangeiro com leis bastante duras e, por isso, tentamos seguir as regras de trânsito de lá - que diferem das daqui em alguns detalhes - e o estilo cauteloso de pilotagem.

A pessoas com as quais interagimos nesse período foram, em geral, educadas e simpáticas. Ficamos com vontade de voltar para explorar mais os hikings mais longos que podem ser feitos por lá.

Dia 0 - Brasília - San Francisco
Saímos de Brasília em um voo da Copa, com embarque às duas da manhã. Depois de umas seis horas, há uma conexão na cidade do Panamá. A seguir, fomos direto para San Francisco. Achamos esse voo uma opção legal, já que ele vai quase em linha reta até o oeste americano e, de quebra, tem uma parada para esticar as pernas.  E esse voo melhorou bastante (entretenimento) desde a última vez que viajamos pela Copa.



Dia 1 - Chegada a San Francisco pela tarde, visita a Chinatown
Iluminação pública de China Town
Mesmo assim, chegamos a San Francisco quebrados. Tomamos um shuttle até o nosso hotel, que saiu bem mais barato que um táxi. Lá pelas cinco da tarde estávamos no hotel, no South of Market (Soma), um bairro relativamente bem localizado, perto do Civic Center. Depois de um banho, rumamos para Chinatown. O bairro chinês de San Francisco tem uma aura interessante: passar o seu impressionante portal de entrada é praticamente uma viagem a uma outra dimensão. 
Há um comércio intenso de todo tipo de quinquilharias, em um ambiente tão assumidamente cafona que acaba por se tornar sofisticado. Os elementos da cultura chinesa estão por todos os lados e o lugar é uma mina de ouro para fotógrafos urbanos, principalmente no entardecer e no início da noite, quando as luzes começam a se acender.  Retornamos a pé para o hotel e jantamos em um restaurante nas proximidades, chamado AQ. Restaurante um pouco caro, mas muito bacana, moderno, cozinha aberta e pratos sofisticados e saborosos, com misturas diferentes.  Estava lotado, de forma que ficamos no bar mesmo, e o garçom nos brindou com uma deliciosa entrada, cortesia da casa.  


Chinatown

Dia 2 - Golden Gate e Salsalito
Saímos do hotel cedinho e caminhamos até o pier 33, numa tentativa frustrada de visitar Alcatraz, que só tinha ingressos para daí a dois dias.  E aí fica a dica: faça reserva com antecedência, principalmente se você tem pouco tempo na cidade. Como não fizemos isso, acabamos mudando toda a nossa programação em San Francisco, mas valeu a pena!
Visitamos o Fisherman's Wharf e logo após o píer 39, alugamos bikes para um passeio até Salsalito, passando pela Golden Gate. 
Sempre presentes e simpáticos no Pier 39




O passeio foi a nossa primeira experiência ciclística em uma grande cidade em um país desenvolvido.  A primeira foi em Lucca, na Itália, mas Lucca é uma pequena cidade medieval - outro esquema! Inicialmente, estávamos preocupados com o trânsito, mas constatamos que não precisávamos temer os carros, na verdade, eles é que nos temiam. A distância até a Golden Gate é considerável e há algumas subidas bem acentuadas. Apesar disso, chegamos até a ponte rapidamente, e é uma delícia cruzá-la de bike, com calma, parando nos pontos (onde isso é permitido) para fotos.

Golden Gate vista de Sausalito



Salsalito é uma cidade que gravita em torno de San Francisco e é cheia de restaurantes bacanas na beira da baía. Lá, nos sentimos merecedores de um Spaguetti com frutos do mar e de um Pinot Grigio, já que não há lei que impeça alguém de beber e pedalar - pelo menos que nós saibamos. Depois de saborear tudo isso na sacada do restaurante (Tridente) com vista para o mar, fomos para a estação de Ferries e pusemos as bikes na próxima embarcação que voltava para o píer 39. 
Constatamos, curiosos, que metade do Ferry estava tomado por bikes, na sua maioria de turistas como nós. Na volta, passamos no Embarcadero - uma estação de barcos, com um mercado bem ativo no seu interior - e compramos queijos, pães e um vinho para um jantar no quarto do hotel.



Aguardando o Ferry


Fim de tarde no pier


À noite fomos a um concerto de jazz no SF Jazz Center.  O local fica perto do nosso hotel, e fomos a pé.  Vale muito a pena ir a um show de jazz neste local, pois é muito típico de San Francisco.  Eles SEMPRE têm uma programação com artistas gabaritados. Dessa vez, o show era do Wayne Shorter, um nome muito significativo do Jazz. Mas atenção: costuma lotar!  Fizemos nossa reserva com bastante antecedência, do Brasil mesmo, pelo site http://www.sfjazz.org/center.

Dia 3 - Napa Valley, Sonoma Valley e Castro
Ficamos com receio de ir de carro ao Napa Valley, considerando que sempre se bebe um pouco nesses passeios enogastronômicos. Por isso, contratamos um passeio, que nos levou a duas vinícolas no Napa e a uma no Sonoma. As vinícolas não eram muito conhecidas, mas todas elas tinham bons vinhos.

Igreja em Sonoma
Aproveitamos para fazer algumas compras e nos abastecermos de vinho até o final da viagem. Com o dólar a quase R$ 4, adotamos como estratégia jantar no quarto do hotel, de vez em quando. Normalmente, comprávamos um bom queijo, um salame, um pão legal, que comíamos com um azeite e com vinhos comprados em Napa. Tivemos, assim, possibilidade de comer várias coisas interessantes que encontrávamos pelo caminho - queijos, salames, molhos e pães artesanais - com um custo baixo.
À noite, encaramos uma longa caminhada até a Castro Street, o coração do bairro gay de San Francisco. O guia de viagens que usamos - conservador, burocrático e sem imaginação - simplesmente não falava na Castro. No entanto, visitar esse bairro foi um dos passeios mais interessantes de San Francisco. Foi ali que nasceu o movimento pelos direitos civis dos homossexuais e isso é refletido em todos os cantos, desde a praça, batizada com o nome Harvey Milk, um congressista que se dedicou à causa, até os cuzamentos, delicadamente pintados com as cores do arco-íris e iluminação pública colorida seguindo a mesma linha. Por ali há muitos bares, restaurantes e estabelecimentos diversos frequentados pelo público gay, além de algumas sex shops com produtos no mínimo curiosos. Jantamos num bom restaurante italiano na Castro. Éramos o único casal hétero do estabelecimento e não sofremos nenhum constrangimento por isso, foi muito bom.  E detalhe: nos fundos do restaurante estava ocorrendo um curso de pintura com degustação de vinhos.  Coisas de uma cidade vibrante e diversificada como San Francisco ;-) 

Passagem de pedestre nos tons do Arco-íris na Castro St.

Dia 4 - Lombard Street e Alcatraz
Girardelli Square
Pela manhã, tomamos o Cable Car perto da estação de metrô Powell, uma espécie de bonde histórico que é mantido apenas para a alegria dos turistas.  Valeu a pena chegar cedo, pois no local forma-se uma longa fila e, além disso, foi possível ver os técnicos fazendo a manutenção nos trilhos antes de os bondes começarem a circular.  Um processo todo manual, de certo tão antigo quanto os bondes. Subimos na Powell e cruzamos as íngremes ladeiras da cidade, descendo na Ghiradelli Square, já na beira da baía. 
A partir dali, caminhamos até a Lombard Street (uma subida dos infernos), num trecho onde a rua foi feita com várias curvas curiosas, como forma de contornar a inclinação exagerada e permitir que os carros pudessem trafegar. Depois, subimos até Telegraph Hill (outra subida infernal), que fornece uma vista legal da cidade. Dali, descemos na direção de Little Italy, o bairro italiano de San Francisco, com direito a uma passada em frente ao café Trieste para uma foto.  Neste café Coppola redigiu o roteiro de O Poderoso Chefão.  Se o café não estivesse tão cheio teríamos entrado para tomar algo, mas como estava lotado apenas registramos nossa foto e seguimos adiante.

Almoçamos no pier 49, no Bubba Gump, que é totalmente decorado com temas do Forrest Gump, embora já existisse antes do filme. 

Pegamos o último horário para o passeio por Alcatraz. A antiga cadeia tem um clima meio opressivo e é um passeio histórico que vale a pena.  E na volta pegamos um lindo fim de tarde, no último ferry.
Alcatraz

Lindo fim de tarde ao retornar de Alcatraz


E para encerrar o dia fomos caminhando (como andamos nesse dia!!!) até a Ghirardelli Square e fizemos nossas comprinhas de chocolates.  Já era noite e decidimos jantar por ali mesmo, no restaurante Cioppinos.   Retornamos ao hotel de Street Car, um trem elétrico um pouco mais moderno.

Dia 5 - deslocamento de San Francisco a Pismo Beach.

Pela manhã tomamos Shuttle ao aeroporto para retirar o carro. Tínhamos reservado um SUV, mas acabamos pegando um carro híbrido, bem mais econômico.  A seguir, pegamos o caminho da costa, pela Highway 1, considerada a primeira estrada cênica da Califórnia.  Saímos um pouco da Hwy 1 para entrar na Península de Monterrey, uma estrada parque pedagiada de algumas milhas à beira mar, onde um simpático guarda nos cobrou a taxa. Ele nos contou que a única expressão que conhecia em português era "bom dia", mas na tarde passada havia cumprimentado com o seu "bom dia" uma portuguesa, que lhe corrigira, explicando que à tarde se fala "boa tarde". Assim, agora ela sabia duas expressões em português. Acho que ao longo de toda viagem, excluindo-se um ou outro mal-humorado congênito, esse padrão de simpatia foi comum. Depois de Monterrey voltamos à Hwy 1 e fomos em direção ao Big Sur, 
Big Sur
aproveitando as várias paisagens de penhascos e pontes costeiras e vendo os carrões padrão ostentação que circulam por essa estrada: Ferraris, Lanborguinis, Camaros e muitos Mustangs.
No cair da noite chegamos a um ponto do litoral que abriga leões e elefantes marinhos. Infelizmente, a luz já não estava muito boa para fotos. O ideal teria sido fazer o trajeto em dois dias, já que a estrada é bastante sinuosa e com muitos (muitos mesmo!) belos pontos que merecem uma parada.


Era noite quando chegamos a Pismo Beach e fizemos checkin em um motel típico americano, daqueles de filme do Hitchcock. Fomos recebidos pelo Norman Bates.

Dia 6 - deslocamento de Pismo Beach a Death Valley Junctio

Esse foi um dia de deslocamento longo, mas que rendeu bastante. Saímos cedo do litoral e pegamos estradas com pouco movimento. Havia basicamente dois caminhos possíveis até Death Valley Junction, e optamos pelo que cruzava o Vale da Morte iniciando pelas dunas (em Stovepipe Wells), apesar de ser o caminho mais demorado.  O objetivo era pegar as dunas ao entardecer e só depois chegar ao nosso hotel.
Paisagens desérticas do caminho
No caminho cruzamos o deserto de Mojave e, num dado ponto, passamos pela entrada do Red Canyon, mas não pudemos fazer a trilha por falta de tempo.
Uma das entradas do parque

Chegamos ao Death Valley ainda em tempo de pegar o entardecer nas Mesquite Dunes conforme planejado, e valeu a pena.  As dunas ficam lindas com a luz suave e alaranjada do fim de tarde.  Após um longo dia de deslocamento foi prazeroso e relaxante caminhar sobre as areias quentes e macias da Mesquite Dunes.

Dunas

As dunas ao entardecer
Escolhemos ficar em Death Valley Junction, que é nada mais que um cruzamento com um pequeno grupo de casas e um hotel fantasma, no qual ficamos. Opera House Hotel é um prédio gigantesco, que no passado foi comprado por uma bailarina, que fundou ali um teatro e um hotel contíguos. Antes disso o local pertencera a uma empresa mineradora que operou no Vale da Morte.  Os alojamentos, enfim toda estrutura construída, datam desta época.  A história do local e de sua dona são muito interessantes.  O problema é que o hotel entrou em um ciclo de decadência há alguns anos. Não acreditamos em fantasmas, mas ficamos com medo de ir até a cozinha durante a noite e encontrar com as gêmeas de O Iluminado no corredor. Traçado esse cenário, devemos acrescentar que esse foi o hotel mais legal de toda a viagem. O prédio antigo é simplesmente fantástico e a atmosfera do ambiente, com pinturas da antiga dona e objetos de espetáculos passados é absorvente.

Fim do dia no Death Valley
Vista Noturna do Amargosa Opera House

Dia 7 - Death Valley
Acordamos cedo e fomos ao Dante's view, um ponto que fica melhor pela manhã. Dali, encaramos vários quilômetros até o Centro de Informações Turísticas, em Furnace Creek, onde pagamos a taxa de visitação do parque.  Há máquinas espalhadas nas entradas do parque para pagar esta taxa, mas não conseguimos usá-las.  Por alguma razão não funcionava com nossos cartões de crédito.  Foi bom passar no Centro de Informações, pois descobrimos que várias estradas do parque estavam fechadas, já que a 'flood' tinha sido 'violent'. As 'flash floods' parecem ser um problema na região.   Lá chove pouco, mas quando chove... 
As estradas do Death Valley
Com essa informação, mudamos um pouco os nossos planos de lugares a visitar no Vale da Morte.  Tomamos café no restaurante de um dos hotéis de Furnace Creek e depois saímos rumo a Rhyolite, uma cidade abandonada, que já estava nos planos. O Death Valley tem várias dessas cidades, e Rhyolite é a maior 
Rhyolite

delas, ainda que tenha ruínas não muito preservadas. Em função da mudança de roteiro acabamos visitando a Old Stovepipe Wells, que nada mais é que um poço no meio do deserto; o Mosaic canyon, formado a partir de um rio temporário; o Harmony borax works, uma antiga mina de boro; o Zabriskie point, uma vista cênica que fica melhor ao entardecer; e o Twenty mule team canyon. 


Rhyolite


Vista de Zabriskie point
Fim do dia, nos abastecemos no mercadinho de Furnace Creek e voltamos ao nosso hotel fantasma para tomar uns vinhos, comer uns queijos e uns tacos preparados por nós, já que não há nenhum restaurante perto do hotel – mas tinha cozinha liberada para uso dos hóspedes.  E também tirar umas fotos noturnas do local, que ficaram muito legais. Afinal não é todas as noites que se tem um hotel fantasma no Vale da Morte, longe de tudo, para se fotografar.



Dia 8 - de Death Valley a Tusayan, no Grand Canyon. 

Deixamos o hotel cedinho e tomamos café da manhã em Pahrum, cidade vizinha alguns quilômetros adiante. 

Histórica 66
Nesse dia, escolhemos um caminho que passava por um trecho de rota 66 histórica. Hoje só existem alguns trechos da antiga Route 66 preservados, escolhemos fazer um deles apenas pelas referências culturais que a estrada suscita. Acabamos passando por uma loja que investiu pesado - e com sucesso - na mítica da estrada, trazendo muitos carros antigos, montando um posto de combustível retrô na frente e se firmando como uma espécie de ponto de encontro dos vários grupos que combinam de percorrer a 66.

Almoçamos em uma pequena cidade um pouco mais adiante, ainda dentro da 66 histórica, e que aparentemente se mantém em função dessa aura mítica que a 66 incita nos viajantes.

Seguindo mais um pouco, chegada a  Tusayan, nossa base para exploração do Grand Canyon. Esta cidade fica a uns 10Km da borda do canyon, e é uma excelente opção.  Conta com bons restaurantes (que fecham cedo) e mercados.  Na chegada ainda tivemos tempo de fazer um passeio pela borda do Canyon, percorrendo a Desert View Road, até o Grand Point. Existe uma certa emoção em ver o Canyon pela primeira vez. Tudo lá é muito grandioso e, por outro lado, desde criança se houve falar nesse lugar.  Nas palavras da Sandra, “definitivamente pode-se dizer que estar no Grand Canyon é materializar um sonho”.


Dia 9 - Desert View Road e South Rim trail
Pela manhã, tomamos a Desert View Road novamente. Essa via vai costeando a borda do Cânion, no sentido leste. Como era cedo, acabamos nos deparando com um rebanho de elks (alces), com várias fêmeas (sem chifres) e um macho com uma farta galhada. Fomos parando nos pontos de observação, até chegarmos ao final da via, o Desert View Point. Na volta, passamos pelas ruínas de Tusayan, um povoamento anterior aos Navajos. É bastante interessante observar o nível de sofisticação ao qual chegaram os nativos americanos. Pareceu-nos que eles estavam à frente dos índios da amazônia brasileira, embora ainda bem atrás dos Incas e Astecas. É curioso observar que nós,  seres humanos, carregamos desde as mais primitivas civilizações, uma necessidade que vai além de comer, beber e dormir... precisamos de arte! Sim...  Que propósito objetivo e prático teriam essas pessoas em, por exemplo, pintar potes de cerâmica e tecidos?  Criar instrumentos musicais?  Só religião? Não acreditamos que seja apenas isso.  Acho que  “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.  Isso é fantástico!


Elks
Depois, iniciamos a South Rim Trail, que cobre a borda sul em direção ao oeste.
Parada para o lanche e para consultar o mapa
Caminhamos na ida e voltamos com o shuttle interno provido pelo parque. O Grand Canyon é um parque nacional impecavelmente administrado, com tudo muito bem sinalizado e com praticamente uma cidade no seu interior, em função de ser o parque nacional mais visitado dos Estados Unidos.  No fim deste dia fomos presenteados pela natureza com um belíssimo nascer de lua cheia sobre os canyons, e um céu ainda com vários matizes devido ao sol que ainda não havia se posto completamente.  Um verdadeiro espetáculo!


O mais belo espetáculo: a lua nascendo sobre os cânions

Dia 10 - Wupatki Pueblo e Sunset Crater
Nesse dia havíamos planejado uma trilha longa, a Bright Angel Trail, que desce no interior do Canyon, mas no dia anterior a comida e a bebida nos deixaram com problemas estomacais e, assim, preferimos não fazer a trilha. 
No seu lugar, fomos ao Grand View Point cedo pela manhã. Já havíamos ido lá ao entardecer, mas diferença da iluminação dá um ar completamente diferente à vista. Depois, seguimos em um passeio de carro pela estrada a leste do Desert View Point, já saindo do parque. Acabamos visitando cânions fora do parque, como o do Little Colorado River, já nas terras Navajo. 

Seguindo pela estrada, tomamos a direção de Flagstaff e passamos pelo Wupatki Pueblo, outra ruína pré-Navajo, bem mais impressionante que a anterior. Na sequência, passamos pela Sunset Crater, um vulcão que teve uma erupção bastante devastadora há mais ou menos um século, e onde ainda é possível ver o rio de lava que foi gerado na época.






Dia 11 - deslocamento de Tusayan a Kayenta
Saímos de Tusayan relativamente cedo. Como havíamos percorrido um pequeno trecho desta estrada no dia anterior - aquele próximo ao Little Colorado -, não paramos para fotos, o que dinamizou o deslocamento. Já perto de Kayenta, parada no Navajo National Monument, um parque que preserva ruínas de povos ancestrais (que curiosamente nem Navajos eram). 

O parque tem três trilhas curtas, de mais ou menos dois quilômetros (ida e volta) cada uma. Fizemos duas delas. A mais interessante dava acesso a um mirante, de onde era possível ver as ruínas uma pequena cidade, empoleirada num vão formado na parede de um cânion.
A seguir, rumamos para o Monument Valley, onde tudo pareceu um pouco zoneado: ninguém cobrava o ingresso, o centro de visitantes estava fechado e as informações tinham que ser obtidas a conta-gotas, nos hotéis da região.

Contratamos um passeio para o dia seguinte no hotel Golding. 

No restante do dia fizemos um tour autoguiado, em estrada circular de terra de 17 milhas, que passa pelos principais pontos do parque. 
Acabamos o passeio já de noite, mas acreditando estar cedo para jantar em um restaurante, que na região fecha em torno das 21h.  Porém, como descobrimos depois, as reservas indígenas têm um fuso diferente do resto do Arizona, com uma hora a mais.  Quase ficamos sem jantar nessa noite...







Dia 12 - Monument Valley
Contratamos um passeio 4x4 para o dia todo. No final das contas, o grupo acabou sendo apenas nós dois e mais um guia Navajo que dirigia um caminhão adaptado para um areiões medonhos. Na manhã, fomos até o Secret Valley,
No Secret Valley
 uma área do parque fechada, que só pode ser visitada com a presença de um guia Navajo. O parque fica em uma reserva indígena e, por isso, há mecanismo que garantem aos Navajos algumas rendas decorrentes do turismo no local. 
O Secret Valley é um lugar inusitado e desconhecido, com formações rochosas curiosas e um certo ar de desolamento. Nosso guia falava inglês com um sotaque meio curioso. Tivemos muita dificuldade em compreendê-lo. Pelo que ele disse, os Navajos - que não se entitulam Navajos, mas Diné - são considerados quase como cidadãos de segunda classe pela sociedade americana. Mesmo assim, a maioria se modernizou e trocou os Hogans - construções de madeira e estuque - por casas com estrutura mais moderna. Aparentemente, eles vivem um dilema entre tradição e modernidade e um conflito de identidade entre ser americano ou Diné.
Almoçamos um churrasco (de hamburger!!) feito pelo guia no meio do vale com madeiras que ele recolheu no parque. Tudo simples, mas muito gostoso. À tarde, fomos para a parte principal do parque, onde visitamos alguns pontos da rota do dia anterior, além de outros, de acesso exclusivo dos Navajos. Achamos que o passeio valeu a pena, principalmente porque nos possibilitou ter acesso a áreas restritas, onde o nosso carro alugado não conseguiria chegar e com o assessoramento de um guia que realmente conhece a região. Nesse caso, a interação com o guia fez parte do passeio.
Ao final do dia, saímos a caça do Forrest Gump Point. O lugar onde Forrest parou de correr fica num ponto entre o Monument Valley e Mexican Hat, na US 163, que é uma estrada cênica, que vale a pena percorrer. Como bons turistas que somos, tiramos fotos no ponto... correndo!  E como bons corredores que pretendemos ser, não abandonamos nossas corridas ali, ao contrário de Forrest, rsrsrs


Correndo no Forrest Gump Point

Dia 13 - deslocamento de Kayenta a Page
O trecho de Kayenta a Page foi cumprido rapidamente, com direto a uma ou outra parada para fotos. Page fica à beira do Rio Colorado, num ponto acima do Gran Canyon. Existe uma represa, que forma o Lago Powell. No mesmo trecho existe ainda o Glen Canyon. Tudo isso faz da região de Page um lugar agradável e cheio de atrações interessantes, embora sem a exuberância do que vimos anteriormente. O que existe em Page de absolutamente inusitado é o Antelope Canyon, um cânion estreito de arenito que é uma coqueluche entre fotógrafos, sejam eles profissionais ou amadores (nós!). Encontramos uma agência que organizava passeios no Antelope e reservamos um horário no dia seguinte. Após isso, rumamos para o Horseshoe Bend, onde o Rio Colorado - nesse ponto ainda de um verde intenso - faz uma curva em forma de ferradura. 


Horse Shoe
A seguir, fomos para o parque que abriga o Powell Lake e mais uma série de atrações às margens do Colorado. O lugar é muito cênico, com o lago azul batendo nos paredões do cânion e os campos semi-desérticos com uma vegetação arbustiva. 
Powell Lake


Depois disso, fomos ao Marble Canyon, uns 60 km ao sul de Page. Lá cruzamos uma ponte de arcos histórica que é mantida para fins turísticos. Além do cânion, outra atração do lugar são os condores californianos, que, todavia, não estavam dando as caras por lá. Fiquei tirando fotos da ponte sob diversos ângulos, brincando com os efeitos do sol, até que um rapaz, que estava com o filho, perguntou-me se eu havia visto algum condor. Respondi que não e uma meia hora depois ele me procurou, feliz, mostrando que havia achado um, empoleirado na estrutura metálica da ponte. Sacamos uma objetiva de 500mm e tiramos algumas fotos do bicho, que é de uma feiura pungente.

Dia 14 - Antelope Canyon e outros passeios em Page
O Antelope Canyon tornou-se um lugar icônico para a fotografia ao longo dos anos. Trata-se de um cânion de fenda, estreito, onde a luz entra por uma abertura superior pequena e que possui formações onduladas em um arenito rosa. Todos esses fatores fazem com que os efeitos luminosos lá dentro sejam impressionantes no horário certo do dia, ou seja, quando o sol penetra o cânion pela abertura superior. 
Upper Canyon
Fomos no horário certo - nosso tour guiado iniciou as 10h da manhã - mas na época errada - melhor seria no verão. Dessa forma, havia luz no cânion, mas não feixes luminosos diretos. Mesmo assim, tiramos boas fotos abstratas, explorando as tonalidades que vão do alaranjado ao púrpura, dependo do nível de luminosidade. Havia muita gente na parte alta do cânion, o que acabou sendo chato, porque os guias ficavam apressando as fotos, em função dos vários tours enfileirados. 
Lower Canyon














Após terminar o upper canyon, iniciamos um tour pelo lower canyon, que foi bem mais tranquilo: éramos um grupo pequeno, sem outros enfileirados e contamos com um guia atencioso, que no guiou vestido de freira, já que era Hallowen.



Formações curiosas (Lower Canyon)

Ficamos o restante do dia curtindo uma certa preguiça na beira do lago e tirando umas fotos do pôr do sol.  À noite jantamos em um restaurante texano, embora ainda estivéssemos no Arizona.




Cerveja Grand Canyon no restaurante texano de Page - que mistura!

Dia 15 - deslocamento de Page a Las Vegas
Encaramos um trecho tranquilo de estrada e chegamos relativamente cedo a Las Vegas, onde nos hospedamos no Motel 6, bem simples mas adequado, já que partiríamos bem cedo no dia seguinte. Las Vegas entrou nesse roteiro apenas como ponto de saída de uma viagem essencialmente ecoturística. Na verdade, nunca tivemos muito interesse por essa "disneylândia para adultos", como algumas pessoas a definem. Ainda assim, foi legal passear pelas ruas atulhadas de gente, com todos apelos possíveis aos sentidos: as cores fortes, as luzes, as ofertas de sexo pago, de jogo etc. As prostitutas de Las Vegas oferecem seus serviços por meio de cartões distribuídos nas esquinas, onde em geral há uma foto, o telefone e o preço. Brincamos entre nós que o esquema de Amsterdan parecia mais confiável: a garota fica numa vitrine, sem intermediários e sem Photoshop. Compramos uma ou outra bobagem, almoçamos no Hard Rock Café (sempre uma boa pedida) e tiramos algumas fotos noturnas.
Las Vegas



Dia 16 - Tomamos o voo da Copa na madrugada. Voltamos em um voo Las Vegas-Panamá-Brasília já pensando numa volta.  Assim somos nós, terminando uma viagem e já pensando na próxima – ou nas próximas, rs.


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