quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mendoza, Uspallata, Cafayate e Paso de San Francisco - 4.638 km


Vicuñas aos pés da cordilheira na Ruta 60


Nos últimos anos fizemos três grandes viagens pela Argentina (também pelo Chile), todas elas de carro e com grandes distâncias rodoviárias envolvidas. Todas estas viagens estão relatadas neste blog, em posts anteriores.


A primeira dessas viagens foi realizada em setembro e outubro de 2009 e cruzou a região norte da Argentina, de Missiones a Salta e Jujuy, entrando no Chile pela região de San Pedro de Atacama e voltando a Argentina por Mendoza. O relato completo está em http://errantesviajantes.blogspot.com.br/2013/01/brasilia-atacama-santiago.html






A segunda ocorreu em novembro de 2010 e consistiu em uma verdadeira epopeia pelo sul da Argentina. Saímos de Porto Alegre e chegamos a Ushuaia em um caminho pelo litoral. Voltamos grudados na cordilheira e passando pela Carretera Austral chilena em alguns trechos. O relato completo está em http://errantesviajantes.blogspot.com.br/2013/01/porto-alegre-ushuaia.html








A terceira viagem é a que está relatada neste post. Saímos de Mendoza para Cafayate e posteriormente a Cachí, cidades já na província de Salta. Depois nos aventuramos no Paso de San Francisco, em Catamarca.







Algumas pessoas nos perguntam: "afinal, por que logo a Argentina?" A resposta é algo complexa e passa pela beleza das paisagens(óbvio), pela identidade cultural que possuímos com a Argentina(quase óbvio) e pela, pasmem, simpatia do povo argentino(nem um pouco óbvia).

"... por força do meu destino, um tango argentino me pega muito mais que um blues..."
Belchior, em À palo seco.


A logística e o roteiro

Desta vez, diferentemente de outras, optamos por alugar um carro na Argentina. Passamos alguns dias fazendo trekkings no Cordon del Plata e logo a seguir pegamos um carro em Mendoza. O carro em questão era um Classic da GM novinho, o que não foi exatamente bom. Tratava-se de um carro baixo e nós teríamos preferido um carro mais velho e mais alto.
Sentimos muita falta de um carro 4x4. Teríamos sido mais felizes no nosso carro, como nas viagens anteriores, mas isso teria complicado muito a logística, sem falar que teria deixado tudo muito mais caro.
A ideia desta vez era simples: sair de Mendoza, inicialmente em direção a cordilheira e depois na direção norte, passando por alguns parques em La Rioja e seguindo a Cafayate. A volta incluiria um trecho da Ruta de los Seismiles, ou Ruta 60, que cruza a cordilheira em direção a Copiapó, no Chile. Ao todo isso daria algo perto de modestos 4.000km (pouco comparado às viagens anteriores, que ultrapassaram os 10.000km). O roteiro pode ser visto no GoogleMaps em http://goo.gl/maps/TXeqN



Diário de Viagem

02/01
Chegada a Mendoza (à noite).

03, 04, 05/01
Cordon del Plata
O Cordon del Plata é uma cadeia de montanhas da pré-cordilheira que tem o Cerro Plata, de 6000m como seu pico máximo.
Fomos para um refúgio de montanha, a 2800m para realizar aclimatação com o intento de subir o Cerro Franke, de aproximadamente 5000m. Para isso havíamos nos submetido previamente a um treinamento bastante pesado, que envolveu muita musculação e atividades aeróbicas. Creio que passamos uns 6 meses nesse processo.
Cerro Franke - Sempre encoberto nos dias em que estivemos por lá



Para nossa completa frustração, o tempo não ajudou e as montanhas se mantiveram com pesadas nuvens nos dias que estivemos no refúgio, o que tornava a ascensão desaconselhável.
Fizemos uns trekkings de altitude e umas ascensões a picos mais baixotes, o que foi frustante (não chegamos nem a 4000m) mas até certo ponto educativo. As montanhas nos Andes não são monolitos de pedra, mas sim um conjunto de pedras soltas que formam um terreno bastante instável. Você caminha sempre com as pedras se movendo sob os seus pés. No nosso último dia, um brasileiro que estava no nosso mesmo refúgio quebrou a perna ao descer do Cerro Stephanek, de 4200m. Por sorte, a guia que estava com ele acionou uma rede de montanhistas dos vários refúgios do Cordon que o resgatou. Se ele estivesse sozinho, a situação poderia ter se tornado muito grave.
Descida do Cerro Lomas Blancas (3850m) - Terrenos sempre instáveis na Cordilheira



Penso que a ocorrência deste acidente nos fez reavaliar a nossa frustração. Não desistimos do montanhismo, mas passamos acreditar que ele deve ser feito com muito conservadorismo. Acho que só por isso consideramos que a decisão da nossa guia de não subir o Franke com um prognóstico de mal tempo foi acertada.

06/01
Mendoza
Dia do nosso retorno do Cordon del Plata. Por pura sacanagem, o tempo estava ótimo e um grupo partiu para o Franke pela madrugada.
Chegamos a Mendoza por volta de meio dia e peregrinamos pelos hospitais de Mendoza em busca do nosso companheiro que havia fraturado a perna. Não tivemos sucesso nas nossas buscas.

07/01
Mendoza
No único dia integral que passamos em Mendoza, optamos por um passeio guiado a duas bodegas. Pagamos mais caro por um passeio um pouco fora do mainstream - o passeio "big mac" custava 100 pesos, o que escolhemos custou 100 dólares - que valeu cada centavo. Visitamos a bodega Renacer e a bodega Alta Vista, as duas na região de Lujan de Cuyo. Na bodega Renacer, houve uma degustação de Malbecs com terroirs distintos (um do Valle do Uco, mais alto, outro de Lujan e um terceiro de uma região bem mais baixa, a leste de Mendoza). Foi uma experiência didática, pois mostrou as pequenas sutilezas que os terrenos deixam nos vinhos e que, não obstante, fazem toda a diferença. No final, montamos nosso próprio Malbec, fazendo um assemblage com os três subtipos (ou para ser mais preciso um "corte de microclima").
Bodega Alta Vista - Recomendamos o Torrontès




08/01
Mendoza --> Uspallata
Visitamos o rapaz da pata quebrada em um hotel em Mendoza. Ele estava bem e nos contou detalhes do acidente, de seu resgate e se tratamento nos hospitais mendocinos. O acidente foi aquele tipo de coisa inevitável, um deslizamento normal nas pedras [sempre] soltas, um pé travado e uma fratura na tíbia.
Depois fomos para Uspallata. Achamos o hotel Los Condores, bom para o padrão rústico da cidade. No que restou da tarde pegamos uma estrada de rípio e fomos até os Caracoles de Villa Vicencio, um conjunto de curvas (reza a lenda que 365) em uma estrada de montanha com um visual exuberante.  Na volta, já bem perto de Uspallata, visitamos o Cerro Tundunqueral, onde há numerosas pinturas rupestres e petroglifos.
Visual das imediações de Uspallata




09/01
Uspallata --> Parque Provincial do Aconcágua --> Puente de Inca --> Uspallata
Fomos ao Parque do Aconcágua para fazer um trekking de um dia, que vai até o primeiro acampamento da trilha completa, que dura 15 dias e leva até o cume do Cerro (que é possível se você tiver um preparo físico fantástico e nenhum juízo). O visual do parque é muito legal e a trilha é fácil, mas sobe bem até uns 3500m. O visual do Aconcágua é melhor da entrada do parque do que do acampamento Confluencia até onde fomos. É possível avistar o glacial de los Polacos, uma gigantesca massa de neve empoleirada na montanha.
O Aconcágua



O parque tem um trekking de 7 dias que vai até o acampamento base, já a uns 4500m. Pensamos em realizá-lo assim que tenhamos uma oportunidade.
Na volta passamos por Puente del Inca, um lugarejo muito rústico que é a base para quem quer subir o Aconcágua.
Trilha para o acampamento Confluência



No retorno a Uspallata passamos pelo Cemitério do Andinista, que é devotado àqueles que morreram na tentativa de subir o Aconcágua. É um lugar interessante, que lembra que apesar de se chegar ao cume do Aconcágua caminhando, a aventura não se trata de um passeio no parque.
Cemitério do Andinista





10/01
Uspallata
Fizemos neste dia várias visitações nas imediações de Uspallata. Fomos às bóvedas, subimos em um mirador da cidade que imita uma via crucis, fomos até as ruínas de um Tambo Inca. Os Tambos eram lugares de descanso Incas. Existiam estradas que ligavam a região de Mendoza até Cuzco. Visitamos também o Cerro 7 colores (outro, pois já visitamos um homônimo em Purmamarca), que mais parece parte de uma quebrada do que um cerro, mas mesmo assim é bastante interessante.
Cerro Siete Colores




11/01
Uspallata --> San Agustin del Valle Fertil
Os argentinos inventaram algo interessante (ou apenas usaram um conceito inventado por outrém? Não sabemos na verdade).Trata-se do baden (plural badenes). O princípio é o seguinte: se é caro construir pontes, onde a estrada passa por cima do rio, vamos construir badenes onde a estrada passa por baixo do rio.
O baden é uma depressão pavimentada que permite que um rio, normalmente temporário, passe sobre a estrada. O recurso é barato, mas leva a algumas situações inusitadas. Se você tem um primo na cidade ao lado e vai tomar um café com ele em uma tarde ensolarada e, por desgraça, o tempo muda e chove, você corre o risco de não poder voltar para casa e ter que estender um colchonete na sala do seu primo e lá passar a noite. Em resumo, você tem uma estrada, mas não a tem sempre.
O resultado disso é que se dirige o tempo todo olhando para as nuvens e fazendo conjecturas mis sobre como elas se comportarão.
Dia de estradas tranquilas, mas muito, muito, muito quente. A desgraça do carro não tinha ar condicionado (pão-durismo castigado). Em Valle Fertil, alguns locais nos contaram que já foram registradas temperaturas superiores a 50 C.

12/01
San Agustin del Valle Fertil --> Parques Ischigualato e Talampaya
Saímos cedo para visitar o parque de Ischigualasto, que fica a uns 70 km de Valle Fertil, em uma ruta cheia de badenes. Havia chovido e o parque estava fechado. Tentamos o Talampaya, que ficava a mais 70 km de distância, mas nos deparamos com um baden cheio demais para passar na cidade de Baldecitos (nome muito sugestivo). Perdemos a manhã e uma parte da tarde nessa brincadeira de esperar (o baden esvaziar ou o parque abrir). Finalmente conseguimos chegar ao Talampaya. Visitamos o Cañon de Talampaya, um cânion bastante interessante. O rio formador do cânion é transitório, e o passeio é feito em uma van da concessionária do parque. Há muitas formações curiosas, mas o mais impressionante é estar em um cânion gigantesco em um rio que só fica cheio por algumas horas quando chove torrencialmente na região. O leito do rio abriga vegetação e fauna. Fora dali temos apenas a vegetação semidesértica da região.
Cânion Talampaya



Vegetação no interior do Cânion



Lebre - O cânion é uma espécie de oásis em meio a deserto da pré-cordilheira




13/01
San Agustín del Valle Fértil --> Cafayate 708 km
Era para ser um caminho tranquilo e rápido. Foi tranquilo, mas lento. Curiosamente se cruza um trecho de montanha que não é a cordilheira em Tafi del Valle. Chega-se a mais de 3000m em uma estrada cheia de curvas e que, neste dia, estava muito cheia (Tafi parece ser um balneário bastante frequentado ).
Em contrapartida, a estrada tinha um visual interessante quando iniciava-se a descida.

Cardón - Cactus gigante típico da região






14/01
Cafayate
Nos baseamos em Cafayate para fazer alguns passeios pelas redondezas. Primeiros fomos às ruínas de Quilmes, uns 50 km ao sul. Os quilmes foram um povo pré-colombiano conquistado primeiro pelo Incas e depois pelos espanhóis. As ruínas da cidade estão bem preservadas e ocupam a encosta de uma montanha. Acima e nas laterais foram construídas torres de observação que garantiam a segurança do local. Expulsos dali, os quilmes foram alocados nas proximidades de Buenos Aires, em um local com o mesmo nome. Deram também nome a uma cervejaria, provavelmente a marca mais popular na Argentina.
Este curioso pássaro faz se ninho no topo dos Cardones



A Cidadela de Quilmes



Ruínas e Cactus





Almoçamos humitas e tamales, que são derivados do milho com alguma semelhança às pamonhas brasileiras.
Humitas e Tamales





Depois fomos à bodega Etchart, para uma visita e degustação de vinhos. Cafayate produz o melhor Torrontes argentino, em vinhedos de altitude e com grande variação térmica (dia quente, noite fria), o que parece ser bom para produzir vinhos aromáticos. A região também produz tintos, em especial o Malbec, mas nesse caso perde em prestígio para a região de Mendoza.
Feito isso, fomos para o norte de Cafayate, na quebrada das Conchas (recebe este nome porque foram encontrada conchas e fósseis marinhos na região), ou quebrada de Cafayate. A parte mais interessante da quebrada se estende por uns 50 km em uma estrada pavimentada. Há formações rochosas interessantes, mas o que mais vale é o visual global do lugar.


Quebrada das Conchas






15/01
Cafayate -- > Cachi --> Cafayate


A decisão de ir a Cachi foi, sob vários aspectos, insana. Havia dois caminhos: um de 166 km pela ruta 40, quase todo de rípio, e outro pelo asfalto, de 270km em uma estrada cheia de curvas, badenes e desabamentos de rocha. Como o carro era alugado, optamos ir pelo asfalto, o que foi recompensador, já que a estrada era muito bonita. Cruzamos o Parque Nacional de los Cardones, que são os cactus gigantes, muito comuns na região.
Parque Nacional de Los Cardones



Demoramos 5 horas para chegar a Cachi (e outras 5 para voltar). Cruzamos alguns badenes cheios e com alguma correnteza, mas nada muito perigoso. A estrada chegava ao 3457manm.
Cachi é uma cidade pré-colombiana e bastante pitoresca. Penso que trânsito de carros no centro histórico da cidade prejudica muito o visual do lugar. Mesmo assim foi um passeio interessante.


Visual de Cachí




16/01
Cafayate --> Tinogasta
+- 451km (36 km de rípio, 2 rios para atravessar) - Ruta 40
Este foi provavelmente o dia mais apavorante, estressante e engraçado da nossa viagem. Saímos de Cafayate por volta das 10h da manhã, por assim dizer de "sangue doce", já que tratava-se de um trecho de 450km, com apenas 21 km de rípio.
Pegamos uma estrada inicialmente muito urbana, passamos por lugares muito pobres ao sul de Cafayate em um entra e sai de pequenos pueblitos com crianças, cães, bicicletas, cavalos e cabras pela pista, o que não permitia que a viagem rendesse. Passamos por alguns badenes cheios e o tempo chuvoso nos preocupava um pouco. Até aí tudo bem.
Após rodar quase 300km (essa ruta não tem caminhos alternativos), entramos no rípio (36 km e não 21 como pensávamos). Após alguns quilômetros nos deparamos com uma obra: a construção de uma ponte. O pessoal desviou a estrada para dentro do rio. Desci e verifiquei que a água batia quase nos meus joelhos e, pior, tinha uma correnteza significativa. Ficamos medrados com a situação, mas conversamos com um motociclista local que viajava com a esposa e também "estudava" o rio. Ele nos disse: "es tranquilo para el coche, pero para la moto es jodida". Ele passou a duras penas, quase foi levado pela correnteza. Vimos outro carro passar e comemorar a vitória. Fomos nós, deu tudo certo. O carro era alugado, mas felizmente os carros não falam.
Depois do rio, Sandra lembrou de perguntar: "hay otros?" "Creo que hay uno más.", respondeu o local. Avançamos preocupados. O segundo rio parecia até um pouco pior. Não fizemos muitas conjecturas, passamos. Já estávamos mais experientes.
Passado esse momento não tivemos mais problemas com rios ou badenes. Tomamos a ruta 60 perto de Aimogasta e subimos em direção a Fiambalá, nosso ponto de pernoite planejado. Achamos um pouco estranho o movimento na rodovia. Havia muitos carros, muitas caminhonetes 4x4 e muitas motos. Sabíamos que Fiambalá já havia recebido edições do Dakar e pensamos que a cidade havia se tornado um point de jipeiros. Quando chegamos, descobrimos que a etapa de Fiambalá do Dakar 2013 estava acontecendo naquele dia. Era totalmente impossível encontrar uma acomodação em Fiambalá. Mesmo os campings estavam completamente lotados.
Carro de apoio do Dakar no Paso de San Francisco



As cidades nesta região são relativamente afastadas umas das outras. Tinogasta fica a 50km de Fiambalá, Aimogasta a 113km de Tinogasta. Era final da tarde e sempre preferimos não viajar à noite. Saímos de Fiambalá para Tinogasta e conseguimos achar uma hosteria lá. Considerando a situação, a hosteria até que era bem boa.
Passado o stress, veio a recompensa. É bom estar em uma região onde ocorre um grande evento como o Dakar. À noite houve um show com artistas locais na praça central de Tinogasta. A cidade estava agitada e parecia um espaço cosmopolita e democrático, ainda que se tratasse de uma cidade pequena e desconhecida num fim de mundo argentino.
Fiambalá - Cidade tomada por jipeiros



Show na praça central de Tinogasta



Tinogasta fica na província de Catamarca. Não importa o quanto você tenha estudado o castelhano, em Catamarca ninguém o compreenderá. As pessoas falam em uma velocidade absurda, compactando as palavras de uma forma incompreensível. Além disso, é uma região da Argentina não muito habituada com turistas. Mas, com calma, tudo funciona se maiores problemas.

17/01
Tinogasta --> Paso de San Francisco --> Tinogasta (Ruta 60)
500 km
Recuperados do desgaste emocional do dia anterior, iniciamos nosso roteiro até o Paso de San Francisco pela manhã. O tempo em Tinogasta estava péssimo, com nuvens pesadas nas montanhas. Mesmo assim fomos, baseados na esperança de que a grande diferença de altitude entre Tinogasta e o Paso pudesse resultar em alterações climáticas drásticas. Foi o que aconteceu: nos primeiros 75km pegamos chuva, após esse trecho encontramos o sol e um tempo relativamente aberto. O Paso fica a quase 4800m e a esta altitude o tempo é extremamente instável. Como lá em cima havia sol, a temperatura ficou em uma faixa agradável, muito diferente das temperaturas abaixo de zero que pegamos no Paso de Jama, um pouco mais ao norte, alguns anos atrás.

Rebanho de Vicuñas brincando a 3500m de altitude


Exótica vegetação do Paso



O visual do Paso de San Francisco é interessante: muitas Vicuñas, paisagens desérticas, condores e várias montanhas acima de 6000m (o Paso é também chamado de Camino de los Seismiles).
Vulcão San Francisco com Lobo - a montanha tem mais de 6000m



Típica vegetação semi-desértica de altitude



Mais Vicuñas



Presenciamos uma cena inusitada, daquelas que exigem muita sorte: avistamos um grupo de condores pousados em uma campina já acima dos 3000m. Nos aproximamos para tirar umas fotos e os condores sairam em revoada. Perto dali, um burro que pastava tranquilamente ficou apavorado e inicinou a hurrar desesperadamente pela aproximação dos pássaros. O condor chega a medir 3m de envergadura. Dá pra entender a preocupação do burro.
Os Condores e o burro - note que os condores estão mais distantes que o burro, mas parecem maiores



O burro apavorado (nós também estaríamos


 
O Condor - Solo


 
Vicuñas invadem a pista


 


18/01
Tinogasta --> San Agustín del Valle Fertil
366km?
Visita ao Ischigualasto. Como havíamos tentado visitar o parque anteriromente, mas não havia sido possível por causa da chuva, tentamos novamente, dessa vez com sucesso. O parque apresenta de fato uma imagem lunar (o lugar é conhecido como Valle de la Luna na Argentina). Há formações rochosas curiosas, mas o mais interessante é o visual geral, amplo do vale, que remete a ideia de uma terra isolada e incomum.
Valle Pintado


Submarino


El hongo - símbolo do parque Ischigualasto


Os achados paleontológicos do parque são muito relevantes. Lá foi encontrado o dinossauro mais antigo de que se tem notícia. No museu do parque há uma réplica, bem como algumas ossadas. O dinossauro em questão era carnívoro e bem pequeno (media um metro, mais ou menos).

19/01
San Agustín del Valle Fertil --> Mendoza
408 km
Retorno a Mendoza. Estradas sem problemas e sem maiores dificuldades. Passamos a nos interessar pelos pequenos santuários que existem à beira das rodovias. Descobrimos que há vários santos locais na Argentina e que os ditos santuários em geral são devotados ao Gauchito Gil, especialmente os que apresentam fitas vermelhas, já que o Gauchito teria sido do partido Colorado e teria morrido devido a uma acusação injusta de deserção, ou a Difunta Correa, uma mãe que morreu no deserto perto de San Juan de sede e com o filho nos braços, que sobreviveu milagrosamente mamando nos seios da morta. Os fiéis depositam garrrafas de água nos santuários dedicados a Difunta.
El Gauchito Gil em santuário na beira de uma rodovia


É interessante verificar como países de tradição católica (Argentina, Brasil, Itália, Portugal) são abertos ao paganismo. Essa parece ser uma das [poucas] coisas boas que herdamos do catolicismo.

20/01
Retorno a Brasília.

2 comentários:

  1. Prezados Viajantes

    Parabéns pelo site e pelas fotos. Muito informativo.

    Em Agosto deste ano estarei em Salta e pretendo fazer o circuito Salta-Cachi-Cafayate.
    Minha idea é fazer o circuito em carro alugado em dois dias. No primeiro, de Salta a Cafayate e no segundo de Cafayate a Salta (ver Quilmes, etc). Inclusive já reservei hotel em Cafayate, etc.

    Estou preocupado com as condições das estradas, principalmente a ROTA 40 entre Cachy e Cafayate e então gostaria de saber se vocês podem me ajudar com as seguintes dúvidas:

    1) É possível fazer os circuitos em carro simples, econômico,tipo Corsa,Clio,Gol 1.0? Pergunto isto porque o preço do aluguel de um 4X4 é altíssimo.
    2) Existe risco do carro atolar em algum lugar?
    3) Existe perigo de assalto na estrada?
    4) Em suma, quais são os riscos? Que conselhos me dariam?

    A minha impressão é que dirigindo devagar é possível fazer o circuito sem susto, inclusive o de Cachy-Cafayate pela Ruta 40, mas como nunca estive lá, acho melhor me precaver.

    Agradeceria muito qualquer ajuda.

    Marcos Silveira

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    Respostas
    1. Marcos,

      Milhões de desculpas. Não vimos a sua mensagem na época que ela foi postada. Creio que você já deve ter feito a sua viagem e provavelmente as respostas não sejam mais necessárias. Caso você tenha adiado a viagem e ainda precise das informações, avise-me, que eu responderei com prazer.
      's
      Alexandre

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