sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Brasil, Argentina, Chile e Peru - 11.972 Km


Atacama: Licancabur com flamingos

Em novembro de 2017, eu e Alexandre fizemos uma viagem com meus sogros - Jorge e Loiva - com destino a Machu Picchu, passando pelo Atacama. Essa viagem foi diferente para nós, que estamos acostumados a longas jornadas de carro, mas sempre assumimos essas empreitadas sozinhos.
A ideia dessa viagem foi gestada ao longo de alguns anos. Loiva sempre dizia que desejava fazer uma longa viagem de carro pela América latina, como algumas que nós já tínhamos feito pela Argentina e pelo Chile. Além disso, ela sempre teve o sonho de conhecer Machu Picchu. Em 2017, finalmente tivemos as condições de realização dessa viagem e decidimos juntar as duas coisas: uma longa jornada de carro e Machu Picchu.

Foto clássica de Machu Picchu



O planejamento

O planejamento dessa viagem demandou muito, principalmente do Alexandre, que acabou se envolvendo muito com todos os aspectos: planejamento do roteiro, reservas, requisitos burocráticos e minimização dos riscos. Eu também participei, visto que sempre discutíamos as decisões de roteiro mais relevantes. Jorge e Loiva foram envolvidos também na discussões, mas a maior parte dos aspectos operacionais ficou com o Alexandre.


O roteiro

Mapa esquemático do roteiro
Se o objetivo era ir a Machu Picchu saindo de Brasília, o caminho mais reto seria cruzando a Bolívia, coisa que não queríamos fazer. Sabemos que a Bolívia é um país com paisagens lindas, mas também é um lugar com muitos problemas de corrupção e muitas dificuldades para viajantes com um carro com placas brasileiras.
Vimos blogs de brasileiros que entraram na Bolívia. Embora respeitemos e admiremos os viajante que o fizeram, não tivemos coragem de encarar as dificuldades. Além disso, o consulado do Brasil em Santa Cruz de La Sierra desaconselha que se viaje no país com carros brasileiros.
Assim, teríamos duas opções: entrar pelo Acre, indo direto para o Peru; ou entrar por Foz do Iguaçu, cruzando Argentina e Chile para chegar ao Peru. Também poderíamos entrar por um lado e sair pelo outro. Fizemos vários roteiros, brincando com cada uma dessas alternativas.
Acabamos descartando a entrada ou saída pelo Acre, visto que ela incluía um longo trecho de estrada dentro do Brasil sem maiores atrativos (em alguns lugares, existiam atrativos, mas eles destoavam do clima geral da viagem). Por outro lado, como há muitas coisas interessantes no trecho entre a puna Argentina e o Atacama chileno, poderíamos pensar num roteiro com a ida e a volta por caminhos ligeiramente diferentes.


Mapa do trecho internacional

Assim, nosso plano básico envolvia sair de Brasília de carro; encontrar Jorge e Loiva em Foz (eles se deslocariam de Pelotas no Rio Grande do Sul até Foz por via aérea); cruzar o norte da Argentina até a cidade de Salta; atravessar a cordilheira pelo Paso de Sico até San Pedro do Atacama; rumar para o norte do Chile, entrando no Peru por Tacna; subir o altiplano Peruano até chegar em Cusco; voltar por Puno e pelo Cañon del Colca; voltar ao Chile passando por Putre; seguir de volta para Argentina pelo Paso de Jama; e retornar ao Brasil. Tudo isso em 26 dias, uns 10.000 Km e uma altimetria que variava do nível do mar até 5.000 m.a.n.m.

Flamingos no Atacama


Seguros

Estrada nas imediações de Arica
Passamos então às providências práticas para a viagem. Fizemos seguros de viagem, o que foi relativamente fácil e sem complicações.
Cada um dos países por onde passaríamos exigia um seguro de terceiros diferente para o carro:
- Na Argentina, a Carta Verde, que contratamos com uma seguradora brasileira pela internet;
- No Chile, o SOAPEX, que pode ser contratado online, de forma bastante simplificada; e
- No Peru, o SOAT, que só pode ser contratado lá e que nos daria algumas dores de cabeça.
Além disso,  precisamos contratar um seguro para o nosso carro (ou seja, o denominado "seguro de casco"). Muitas seguradoras cobrem países do Mercosul, várias cobrem também o Chile, mas poucas cobrem o Peru.
Alexandre fez uma longa pesquisa e concluiu que apenas a HDI, a Sompo e a Liberty cobriam o Peru. Nossas dificuldades iniciaram pelos corretores, que, num misto de incompetência e preguiça, não entendiam exatamente o que estávamos tentando contratar. Tivemos que trocar de corretor e passar quase dois meses trocando emails com a HDI e com o novo corretor, até finalmente conseguirmos firmar a extensão de perímetro para países das três Américas.


Requisitos legais e corrupção policial

Cada um dos países tem alguns requisitos para o tráfego de veículos em seu território:

Requisitos comuns aos três países:
- Extintor de incêndio
- CRLV (Brasileiro)
- Carteira de Identidade ou Passaporte
- CNH (Brasileira)

Argentina:
- Carta Verde
- Cambão ou cabo de aço
- Triângulo adicional
- Kit de primeiros socorros

Chile:
- Permissão internacional para dirigir
- SOAPEX – Seguro obrigatório para veículos de placa estrangeira que circulem no Chile

Peru:
- SOAT – Seguro obrigatório para veículos de placa estrangeira que circulem no Peru
- Certificado Internacional de Vacinação CIVP com vacina contra Febre Amarela (*)

(*) Aparentemente é apenas recomendável, mas não obrigatório.
(Vários sites tem informações eventualmente contraditórias sobre os requisitos legais para tráfego em países latino-americanos. Uma boa compilação dessas informações pode ser vista em http://viajandodecarro.com.br/como-planejar-sua-viagem/documentacao/ ).
(Viajamos em carro próprio, em caso de viagens com carro de terceiros, alguns documentos adicionais são necessários.)

Paso de Sico, entre Argentina e Chile
Já tínhamos, de viagens anteriores, o cambão e um triângulo adicional. Compramos um kit de primeiros socorros na primeira cidade argentina e, ainda no Brasil, providenciamos a PID (habilitação internacional) para os motoristas (o Alexandre já tinha, mas o Jorge teve que fazer).
Esses cuidados são importantes, pois Argentina e Peru tem um histórico de corrupção policial. Segundo relatos, os policiais param carros com placas estrangeiras procurando alguma inconformidade qualquer. Se encontram, o sujeito só consegue seguir viagem subornando a "autoridade". Por isso, nossa estratégia sempre foi a de ir com tudo certinho, o que minimiza os problemas, embora não os evite totalmente.
Apesar desses relatos, eu e Alexandre fizemos parte desse trajeto em 2009 (indo até o Atacama) sem problemas, mas fomos parados em todos os postos de controle na Argentina e no Chile, tendo que apresentar a documentação toda várias vezes.
Nessa nova viagem (2017), não tivemos qualquer problema, sendo que sequer fomos parados uma única vez na Argentina ou no Chile. No Peru, fomos parados apenas por um posto avançado da aduana, que pediu os documentos do carro, em especial o comprovante de importação provisória do veículo.
O procedimento de importação provisória precisa ser feito em todos os países, com exceção da Argentina. Trata-se de uma mera burocracia, mas que, caso ignorado, pode render uma boa dor de cabeça posteriormente.

Ervateiras nos arredores do mercado de Cusco
Dia 1 - 01/11 - De Brasília a Aparecida de Goiânia 
Saímos do trabalho às 16h e rodamos até Aparecida de Goiânia, distante pouco mais de 200Km de Brasília. O objetivo era apenas reduzir um pouco o que teríamos que percorrer nos dias seguintes. Viagens longas normalmente tem alguns percalços, mas dessa vez tivemos problemas de forma muito prematura. Assim que deixamos o restaurante Rota 60, distante pouco mais de 100km de Brasília, uma pedra bateu no parabrisas dianteiro (foi a segunda pedra em menos de 1 ano).
Depois pegamos engarrafamento monstruoso próximo a Goiânia, do qual conseguimos sair graças ao Waze, que nos guiou por um caminho insano dentro de Goiânia.
Ao final do dia, nossa maior preocupação era a trinca estrelada no vidro do carro. Do hotel, telefonamos para seguradora e agendamos uma revisão do vidro em Foz do Iguaçu.
Ficamos no Hotel 10 Goiânia. Excelente opção, tudo novinho, com restaurante (até 21h30) e ótimo cafe da manhã.

Dia 2 - 02/11 - De Aparecida de Goiânia a Maringá
Tomamos café no primeiro horário (6h30) e saímos. Rodamos muito bem durante umas 3h, quando pegamos uma interrupção da estrada devido a um caminhão articulado cuja carroceria se soltou. Ficamos mais de uma hora parados esperando.
Apesar dos contratempos, rodamos bem e chegamos a Maringá. Não queríamos entrar em Maringá, mas não teve jeito. Os hotéis que encontrávamos nos pareciam muito ruins, então roteamos para um Ibis no Centro, na rua XV de Novembro, que era muito bom. Jantamos em um restaurante e pizzaria excelente chamado Casarão da XV, na mesma rua do hotel.

Dia 3 - 03/11 - De Maringá a Foz do Iguaçu
Mais uma vez tomamos café no primeiro horário e seguimos para Foz. Já bem cedo ligamos para a Autovidros Cascavel e combinamos de passar lá no início da tarde para reparar o parabrisas do carro.
Entre Maringá e Foz, distantes entre si mais ou menos 420Km, foram inacreditáveis cinco pedágios, todos caros (variando entre 11, 50 e 14,50 reais). E a estrada, embora tivesse bom asfalto, era simples, apenas com alguns trechos duplicados.
Pegamos muita chuva na estrada, mas chegamos a Foz cedo ainda. O reparo do vidro foi feito com resina, sem necessitar a substituição do parabrisas, pois a trinca era pequena. 
Seguimos para o hotel, que era bastante simples, mas OK e bem no centro de Foz.
Na chegada ao quarto encontramos a surpresa: fomos convidados para sermos padrinhos da Lara, nossa sobrinha. 
Em seguida encontramos a turma toda - Jorge e Loiva, pais do Alexandre, e Arthur e Sabrina, irmão do Alexandre e cunhada, respectivamente - e tomamos um café/mate no lobby do hotel.
Loiva, Alexandre e Arthur foram até o supermercado fazer câmbio e comprar insumos para uma janta no hotel mesmo.
Nos reunimos na sala de café da manhã do hotel, conseguimos uns copos e brindamos à saúde da Lara e ao convite para sermos os padrinhos.

Dia 4 - 4/11 - De Foz a Saenz Peña (ARG)
Na manhã seguinte tomamos café todos juntos bem cedinho. O objetivo era sair em seguida, mas uma chuva muito forte atrasou um tanto.
Assim que a chuva cedeu um pouco, nos despedimos do Arthur e da Sabrina e seguimos rumo a Argentina.
Para entrar na Argentina foi muito rápido, quase não havia fila e só tivemos que apresentar nossos passaportes. Perguntamos se seria necessário fazer a documentação de importação provisória do carro, mas eles nos explicaram que veículos brasileiros podem ficar até 90 dias na Argentina sem maiores burocracias.

A seguir, paramos em Puerto Iguazu para comprar um kit de primeiros socorros, obrigatório para veículos que trafeguem por lá. Então, seguimos rumo a Presidente Roque Sanez Pena. Nas primeiras horas pegamos muita chuva na estrada, mas depois foi só céu azul.
Tivemos uma impressão diferente da estrada e do Chaco dessa vez. Não sei se pela época do ano, pois não estava tudo tão seco e estava menos quente. O movimento na estrada foi maior e alguns trechos foram duplicados. Só o que não mudou foram as retas infindáveis na estrada.

Chegamos a Saenz Pena por volta das 19h30 e conseguimos um hotel, o Orel. Hotel bem ruinzinho, mas nos pareceu aceitável para passar uma noite. Antes desse tínhamos passado por um outro, mas que tinha nos causado uma impressão ainda pior.
A cidade de Saenz Pena parecia infestada de motos mas, fora isso, nada parece ter se alterado muito.
Jantamos em um restaurante bom, chamado Giuseppe, onde pedimos um chorizo com fritas cada um e uma salada, além de um vinho, já que ninguém é de ferro.

Dia 5 - 05/11 - De Saenz Peña a Salta

Acordamos cedo, mas não tanto quanto nos dias anteriores. Tomamos café e saímos. Nas proximidades de Saenz Pena encontramos lindas plantações de girassol.
Não encontramos bons pontos para comer ao longo do caminho, mas em compensação chegamos cedo a Salta.
Após o check in no hotel Marilian, saímos a caminhar pela cidade e a tirar fotos. Aproveitamos para visitar o Museu de Alta Montanha, que é focado nos sacrifícios cerimoniais praticados pelos Incas no alto de algumas montanhas. Esse museu conta a história do sítio arqueológico de Llullaiallaco, um vulcão ao sul de San Antonio de Los Cobres, perto do passo de Socompa, onde foram encontradas as múmias de três crianças enterradas no cume, a 6.700 m.a.n.m..
Voltamos para o hotel, descansamos um pouco e à noite jantamos no Doña Salta, um bom restaurante de comida regional. Comemos um matambre e conseguimos um bom vinho argentino por um excelente preço. Como depois observamos em outros estabelecimentos comerciais durante a viagem, o restaurante não aceitava cartão. 
Isso acabou se tornando um problema que precisamos administrar, considerando que passamos quase um mês viajando e levamos uma quantidade reduzida de dinheiro em espécie, confiando no uso do cartão de crédito para pagamentos diversos e das redes Cirrus e Plus para saques em moeda local.

Dia 6 - 06/11 - Salta
Acordamos um pouco mais tarde, tomamos café e fomos caminhando até o teleférico, que dá acesso a um cerro ao lado da cidade. Aqui também não aceitavam cartão de crédito. Concluímos que necessitaríamos comprar mais pesos argentinos.
Igreja de San Francisco
O teleférico impressionou pela altura. Foi um belo passeio, apesar do dia nublado e das obras que estavam ocorrendo no topo do cerro.
Voltamos para o hotel, descansamos um pouco e fomos almoçar em um restaurante simples, barato, que aceita cartão (a partir de determinado valor) e cuja comida era muito boa. Comemos comida típica salteña: algumas empanadas, e uns cozidos de massa de milho verde semelhantes à pamonha.
Alexandre, que já vinha se sentindo mal desde a véspera com umas dores no peito, decidiu procurar um médico. Após uma consulta com um clínico, agendou um eletrocardiograma, que ele fez no mesmo dia mais tarde e não revelou nada preocupante. As dores eram provavelmente decorrentes de refluxo gástrico e o médico - bastante atencioso, por sinal -, apenas prescreveu remédios para refluxo e um ansiolítico.
Depois, visitamos a igreja de Sao Francisco por dentro e à tarde Alexandre e eu fizemos sauna no hotel para relaxar um pouco dos vários dias de estrada. À noite saímos todos caminhando e tirando fotos noturnas dos monumentos iluminados e jantamos assado de tiras no Pátio do Convento, restaurante muito bom e que aceita cartão.

Alto do cerro e seu teleférico





Dia 7 - 7/11 - De Salta a San Antonio de los Cobres

Tomamos café cedo e saímos rumo a San Antonio de los Cobres. A estrada é muito bonita, com vários cardones (cactus gigantes) nas margens, vicuñas, montanhas e vales. Após muitas paradas para tirar fotos, passamos por Abra Branca e demos uma parada na impressionantes ruínas de Tilcara, onde subimos até um mirante elevado.

Vista das ruínas de Tilcara
Chegamos a Los Cobres no início da tarde, onde comemos uma comida simples e deliciosa (um bifão com dois ovos fritos).
Depois, fomos  a Abra del Acay, a 4.895 m.a.n.m. e ao viaduto La Polvorilla, a 4.200 m.a.n.m., por onde passa o Tren de Las Nubes. Pensamos em ir ao Salar de Pocitos, mas ia ficar muito tarde e desistimos.

Visual da estrada que liga Salta a Los Cobres
Vista de San Antonio de los Cobres
Vicuñas (não confundir com Llamas ou Alpacas)
Esta é a Llama. Ou será uma Alpaca?

Voltamos a los Cobre e ficamos no Hotel de Las Nubes, que nos surpreendeu positivamente.
Alexandre e eu saímos caminhando pelo centro de San Antonio de Los Cobres. A cidade é muito pitoresca, fica a 3.775 m.a.n.m. e conta com muitos artesãos.
Loiva se sentiu mal e tivemos que levá-la ao posto de saúde (gratuito e muito bom). Ao que tudo indica, o problema foi mal de altitude. A médica nos orientou com relação a como lidar com os problemas de altitude: muita água, refeições leves e esforço físico limitado (ou seja, exatamente ao contrário do que tínhamos feito naquele dia). No hospital, Loiva apenas tomou uma injeção de plasil.
Jantamos no próprio hotel.
Viaduto La Polvorilla (Tren de las nubes)
Vista da região a partir do caminho para o Salar de Pocitos
Abra del Acay - 4.895 m.a.n.m.


Dia 8 - 8/11 - De San Antonio de los Cobre a San Pedro de Atacama (CHL)
Não acordamos muito cedo para Loiva e Jorge descansarem bem. Ela passou bem a noite, o que foi um alívio para nós. Após um café muito simples, saímos.
A estrada, a RN 151,  é de terra até o Paso de Sico. Depois, no Chile, ela segue como RN23 e está em obras com vários trechos já asfaltado. O caminho do Paso de Sico é bem mais remoto que o Paso e Jama, mais ao norte, mas não chega a ser uma estrada deserta. Há algum movimento de carros, mas não existem pontos de apoio. Postos de gasolina só em Los Cobres e depois em San Pedro.
No caminho, fizemos muitas paradas para fotos das lindas paisagens e de animais. Passamos por casas/vilas abandonadas e fazendas de pastores de lhamas e ovelhas (nos impressionamos com o fato de ainda existirem pastores nessa região).
Na laguna Tuyaito, já no Chile, encontramos muitos flamingos cor de rosa. Também visitamos o salar de Talar, as Piedras Rojas e as lagunas altiplânicas (Miscantis e Miñiques). Na saída das lagunas avistamos um lobo, como da outra vez que estivemos aqui Alexandre e eu. Dessa vez ele estava mais perto.

Chegamos muito cansados a San Pedro. Loiva passou bem o dia e parece estar se adaptando a altitude. Ficaremos três noites em uma casa no centro de San Pedro. 
À noite saí com Alexandre par pesquisar passeios, Jorge e Loiva prepararam a janta. O dia tinha sido todo de elevada altimetria, oscilando entre 4.500 e 5.000 m.a.n.m., mas a vantagem é que dormimos em uma altitude intermediária, já que San Pedro fica nos 2.400. Dormimos cedo, cansados.

A Lua...
As formações de gelo persistem na altitude de 4.092 m
do Paso de Sico
A estrada do Paso de Sico é toda de rípio, mas em geral está em bom estado
Flamingos em uma laguna próxima ao Salar de Talar
Nosso carro :)
Piedras Rojas
Lobo próximo às Lagunas Altiplânicas. Há uns 10 anos avistamos um
quase no mesmo lugar.
Salar de Talar



Dia 9 - 9/11 - Atacama

Lagunas Cejar com o Licancabur
ao fundo
Acordamos um pouco mais tarde para podermos descansar. Após o café, que tomamos em casa, saímos e deixamos agendado um passeio para o Salar de Tara para o dia seguinte. Abastecemos em San Pedro e fomos para o Valle de La Muerte, ou Valle de Marte. O lugar mudou muito desde a última vez em que aqui estivemos por lá. Agora tem uma guarita e a entrada é paga, mas em compensação no mirante, no fim da trilha, tem banheiro e água potável. Fizemos a caminhada e terminamos já perto do meio dia. Estava muito quente e para poupar um pouco a Loiva, que ainda estava se recuperando, Alexandre e eu saímos do parque, pegamos a rodovia e fomos  para a outra entrada, pegar a Loiva e o Jorge perto do portão. Por essa entrada o carro não passa, mas as pessoas sim, e pudemos resgatá-los.
Demos uma paradinha no mirante do Valle de La Luna e depois fomos para as Lagunas Cejar. Nas Cejar fizemos nosso lanche e tomamos um refrescante banho. Aqui também tudo mudou: agora os caminhos são bem sinalizados, a entrada é paga (entre 10h e 14h é mais barato), há banheiros, duchas para tirar o sal do corpo e em frente à área de banho (uma das lagoas é só para ver) há cabanas com bancos e boa sombra. Nos divertimos bastante por lá. A água gelada não incomodou muito já que o sol estava muito quente. Jorge e Loiva, que não nadam, curtiram o fato de não afundarem.
Dali fomos ao Parque de Los Flamingos. Na volta estávamos muito cansados para irmos ver o por do sol no Vale da Lua, então fomos tomar um café da tarde em casa. Loiva e Jorge ficaram descansando enquanto Alexandre e eu fomos providenciar o passeio astronômico para a noite seguinte e tirar fotos do centrinho de San Pedro.
Depois nos reunimos todos e fomos jantar no Casa de Piedra, com direito a pisco sour e um vinho.
Caminhamos um pouco mais tirando fotos noturnas e fomos para casa dormir.
Flamingos
Os flamingos ficam a maior parte do tempo com a cabeça
dentro d'água, comendo pequenos crustáceos
Vale da Morte
Dia 10 - 10/11 - Salar de Tara

Rebanho de llamas aos pés do Licancabur
Acordamos, tomamos café em casa, aprontamos tudo e fomos esperar a van do nosso passeio.
A recomendação da guia era tomar muita água para não ter problemas com a altitude. Fizemos isso, mas era um tal de fazer xixi que a toda hora tínhamos que ir ao banheiro ecológico. Mas valeu a pena. Algumas pessoas passaram mal, a guia deu até oxigênio para uma senhora, mas nós quatro não tivemos nenhum problema. O Salar de Tara fica a 4.400 m.a.n.m., mas o caminho chega bem perto do 5.000. 
O almoço foi na Laguna de Tara, linda! Com muitos flamingos. Retornamos por volta das 16h30 a San Pedro.
Fomos nos preparar para o passeio noturno e os banhos tiveram que ser frios porque a água estava fraca. Preparamos a janta e jantamos cedo.
A observação noturna decepcionou um pouco. Nos disseram que seria a 10Km da cidade e parece ter sido bem mais perto. Além disso, o astrônomo dava explicações muito burocráticas e não respondia as perguntas de forma adequada. Gostamos do ponteiro a laser que ele usava para indicar as estrelas e constelações. Além disso, da copa de vinho e das fotos. Da próxima vez teremos que pesquisar referências de um que seja bom de fato (dizem que têm um astrônomo francês que faz um tour muito bom).
Na volta descemos no centro em busca de uma suposta festa folclórica estaria rolando na cidade, mas só havia uma pregação evangélica perto da igreja. Depois, fomos para casa dormir.
O caminho para o Salar de Tara anda um bom trecho pelo deserto
Salar de Tara
Formações de pedra são visíveis ainda do asfalto


Dia 11 - 11/11 - De San Pedro de Atacama a Tacna (PER)

Acordamos às 6h, tomamos café e nos preparamos para sair. Deixamos para abastecer em Calama, pois o posto em San Pedro é muito cheio e com filas.
A estrada até a fronteira com o Peru é boa e tem umas paisagens interessantes. Nela se viaja pelo deserto do Atacama propriamente dito, visto que San Pedro é uma espécie de oásis no deserto. É uma estrada árida e, em alguns pontos, monótona. 
Geoglifos são visíveis em alguns pontos da estrada
Não gostamos dos arredores de Arica, já perto da fronteira, que nos pareceu caótico e empobrecido, bem diferente do restante do Chile. Tudo muito feio, mas ainda veríamos coisa muito pior no Peru.
Os trâmites na migração são demorados e burocráticos. As fotocópias de documentos que havíamos lido em blogs que seriam necessárias não foram solicitadas. Em compensação, já de cara passamos por uma situação estranha com um vigilante peruano. Estávamos na fila e ele nos perguntou se tínhamos preenchido o formulário com a relação dos passageiros, que não sabíamos sequer que existia. Ele nos tirou da fila nos levou a uma sala ao lado e conseguiu uma cópia toda dobrada com uma policial, pelo preço de 2 mil pesos chilenos. Perguntamos onde poderíamos pagar, e ele nos disse que a ele mesmo, caso contrário teríamos q voltar para Arica para obter o formulário. Num primeiro momento, achamos que tínhamos feito papel de otários, mas na volta descobrimos que é muito difícil obter o tal formulário. Ficamos impressionados com o fato de que as coisas no Peru são feitas para não funcionar adequadamente. Lembramos, tristemente, do Brasil. 
Rio em meio ao deserto, já próximo a Arica
Tivemos que tirar todas as malas do carro e passá-las por um raio-X. Alexandre ficou com o carro, preencheu mais alguns formulários, referentes a importação provisória do veículo, e depois de revistarem o carro fomos liberados. Arrumamos as malas no carro e fomos para Tacna.
O trecho que leva a Tacna é cheio de umas favelinhas muito pobres, mas dá uma impressão melhor do que Arica, sua contraparte chilena.
Depois de fazermos o check in no hotel fomos procurar o SOAT, seguro obrigatório para trafegar no Peru que, segundo relatos de viagem poderíamos adquirir em Tacna. A busca pelo SOAT foi um inferno, pois era sábado de tarde, muitos lugares estavam fechados e outros informavam que o formulário tinha acabado ou que não tinham a versão para veículos estrangeiros. Andamos muito e a maior parte das pessoas demonstrava uma má vontade muito grande em nos atender. Ninguém sabia dar uma informações minimamente precisas a respeito. Ligamos para a aduana e nos informaram que lá não se vendia. Desistimos da busca porque já era tarde, estávamos cansados e havia um fuso de 3h a menos no Peru em relação ao Brasil. Fizemos câmbio de reais por soles, jantamos em uma pizzaria e fomos para o hotel dormir, preocupados com o problema do SOAT. Sem ele, ficaria muito inseguro seguir a viagem no dia seguinte, que seria domingo. No extremo, teríamos que passar um dia inteiro em Tacna e resolver o caso só na segunda.


Dia 12 - 12/11 - De Tacna a Capachica

As estradas na cordilheira são bastante sinuosas, mas oferecem um
belo visual
Acordamos cedo e logo após o café fomos em busca do SOAT. Era domingo, e isso complicava tudo. A pessoa da aduana que nos atendeu por telefone sugeriu falarmos com a policia e explicar a situação. Estávamos indo para a delegacia quando encontramos um policial na rua com o qual conversamos. Ele foi muito atencioso e tentou ajudar, mas disse que estaria tudo fechado no domingo. Em compensação, disse que poderíamos transitar com nosso carro até a aduana caso quiséssemos tentar comprar lá. Com essa informação, Alexandre e eu voltamos até a aduana, uns 50km antes de Tacna. No caminho fomos olhando tudo, na esperança de que vendessem em algum posto de gasolina. Não achamos nada no caminho, mas logo quando nos aproximamos da aduana avistamos VÁRIAS barracas anunciando o SOAT para vender. Ficamos pasmos de não termos visto aquilo quando passamos por ali. Acho que estávamos tão ansiosos por concluir os trâmites e seguros de que o SOAT se comprava apenas em Tacna, que acabamos passamos batido. As bancas ficam logo na chegada ao Peru, após passar a aduana. Compramos o SOAT e voltamos a Tacna para pegar o Jorge e a Loiva e fazer o check out do Gran Hotel Central (muito bom, por sinal). Antes de sair tentamos fazer saque de soles em uns dois ligares diferentes, pois optamos viajar com menos dinheiro e ir sacando quando necessário. Resultado: não conseguimos sacar em nenhuma máquina. Tínhamos feito cambio de alguns reais na noite anterior e, em caso de emergência, tínhamos alguns dólares para fazer cambio. Deixamos para cuidar disso em Cusco.
Pegamos a estrada em direção a Capachica, que fica um pouco depois de Puno, em uma península no lago Titicaca, perto de Juliaca.
A estrada estava boa, com um ponto ou outro de obra ou interrupção. O trânsito foi até tranquilo em Tacna, se comparado ao resto do Peru
Nossa primeira experiência com neve na Cordilheira dos Andes
Tínhamos que rodar 450km. Pensávamos chegar cedo a Capachica e ficar descansando na beira do lago, nos adaptando a altitude, já q o lago está a 3830m. No início a viagem rendeu bem, mas os últimos 280Km foram em uma linda e sinuosa estrada de cordilheira. Em alguns trechos, havia movimento de caminhos e os pontos de ultrapassagem eram escassos. Passamos por alguns pedágios, mas só 2 estavam cobrando e não era caro, só 3,90 soles.
O tempo também estava se deteriorando. Á medida que subíamos a cordilheira em estradas cada vez mais sinuosas nos aproximávamos de pesadas nuvens negras. Em um dado ponto começou a chover. A temperatura despencou para uns 4 graus na rua e começou a nevar. Trafegamos por um bom trecho debaixo de neve. Nessa área não havia pontos de apoio onde fosse possível parar. Avançamos devagar, já que éramos motoristas tropicais em umas estrada de montanha nevada!
À medida q iniciamos a descer a neve parou. Cordilheira com neve foi a primeira vez minha e do Alexandre, e neve nessa quantidade de chegar a acumular no carro e na estrada foi a primeira vez da Loiva e do Jorge.
Foram muitos kilômetros sem nada por perto, e nosso almoço foi amendoim, milho torrado que havíamos comprado no Salar de Tara, biscoitos e água. Num dado ponto passamos por um vilarejo muito pequeno e humilde, onde conseguimos comprar um pão caseiro (gostoso!) e uma empanada com recheio de vento. Conseguimos um posto só na região próxima a Puno. Como não aceitavam cartão, colocamos apenas um pouco de combustível para podermos chegar à cidade.
Rodamos um pouco mais e chegamos a Puno, que é uma cidade feia e grande, que mais parece um favelão gigante. Mas as favelas do RJ que conheci parecem muito mais organizadas estruturadas que Puno. Porém, ao contrário das favelas do Rio, Puno parece não ser violenta. E o trânsito? Uma loucura!!! Parece não haver qualquer tipo de respeito às leis de transito se é que elas existem por aqui. Mal e mal se respeitam os semáforos. Sao carros de tudo quanto é tipo e tamanho. Há muitos daqueles tuc tucs indianos, alguns sendo dirigidos por crianças e cheios de carga e/ou de gente.
Fim de tarde
Caminhões, ônibus, bicicletas, carros, tuc tucs que parecem um enxame de marimbondos, cachorros, gente, criança, tudo isso transitando loucamente de um lado para outro e se atirando uns na frente dos outros. A lei é: passa quem chegar primeiro. Não conseguíamos ir a mais de 20km por hora. Levamos uma eternidade para passar Puno.
Em Puno encontramos um bom posto que aceitava cartões. Abastecidos, seguimos. Ainda era dia, mas o deslocamento era tão lento que os 50km restantes foram concluídos de noite. Entramos na direção de Capachica. No inicio tudo bem, mas o GPS não encontrava o o nosso hotel - o Inti Wasi Lodge - pelo nome, usei as coordenadas. Ele nos levou a um caminho escuro, estreito, de terra, cheio de buracos e com uns barrancos. 
No final do caminho um homem parado bloqueando a passagem em um carro branco. Nessa hora eu já estava tão anestesiada que nem me apavorei, pelo contrário pensei 'alguém que talvez possa nos dar informação'. Alexandre disse que nessa hora sentiu um frio no coração. Mas na verdade era o nosso anfitrião, Valter. Ufa!!! Ele estava nos esperando desde as 13h, e já eram 21h. Ele acreditava que não viríamos mais.
Devido ao horário a cozinheira já tinha ido. Mas como não tínhamos comido nada alem de pão, biscoitos e amendoins o dia todo, a esposa dele, Mariela, preparou um jantar para nós com o que havia disponível. Que jantar maravilhoso! Um creme de legumes de entrada, arroz com quinoa, batatas e frango de prato principal e ainda tinha sobremesa: maçã flambada com pisco e canela. Divino! Nossos anfitriões eram pessoas amabilíssimas! Muito simpáticos, gentis e discretos, e com duas crianças (1 bebê de 10 meses encantador e um menino de 4 anos) lindas.
Depois do jantar, dormimos, desmaiamos na cama! O quarto era bastante confortável e agradável. Creio que esse foi o dia mais longo e intenso de toda a viagem.


Dia 13 - 13/11 - De Capachica a Cusco

Vista da porta do Inti Wasi Lodge
Como ainda estávamos com o fuso anterior, acordamos cedo, por volta das 5h30, e pudemos apreciar um belíssimo nascer do sol às margens do Titicaca. Se tivéssemos chegado ao local com luz de dia na tarde anterior - e esse era o nosso plano original -, teríamos ficado deslumbrados com a beleza do lugar e não assustados. A pousada Inti Wasi Lodge (Casa do Sol em quechua) é uma gracinha, com uma decoração rústica muito bonita e adequada ao lugar, uma encosta em um trecho particularmente bonito do Titicaca.
Após caminhar pela encosta onde fica a pousada e descer até a praia do Titicaca, fomos alimentados com um delicioso café da manhã com direito a chá de coca e outros quitutes.
Deixamos a pousada cedo, por volta das 8h e iniciamos a viagem a Cusco. Na saída de Capachica, passamos por Juliaca, que tem o pior transito que já vi na vida, com muitos carros, motos, tuc tucs, animais, feiras com bancas de carne à beira da pista e gente se atravessando na frente um dos outros.
Passando Juliaca, o trânsito e a estrada melhoram. Paramos algumas vezes para esticar as pernas e fazer um xixi. Almoçamos um chincharron (carne de porco frita) em um restaurante na estrada. Restaurante simples, mas nos pareceu OK e a comida era saborosa.
Quase chegando a Cusco paramos para visitar a igreja San Pedro de Andahuaylillas, considerada a Capela Cistina das Américas. Internamente a igreja tem altares revestidos de ouro e muitos afrescos nas paredes e tetos. Loiva aproveitou para fazer umas compras com os artesãos locais, já que aqui é bem mais barato que em Cusco.
Seguimos viagem com intenção de parar em Sacsayhuaman, mas o mapa do Peru do GPS não encontrava esse lugar (concluímos depois que os mapas do Peru para GPS são de péssima qualidade). Tentamos de diversas formas, sem sucesso e acabamos desistindo e rumando direto para o nosso hotel. 
A chegada a Cusco também foi caótica por causa do trânsito, tanto quanto Puno e Juliaca. Decidimos ir para nosso hotel, o Monastério de San Pedro. Foi muito díficil achar o hotel, tivemos q usar as coordenadas do GPS. O mapa tinha informações incorretas sobre o sentidos das ruas, o que deixava o roteamento impraticável.
Fizemos o check in e Alexandre e Jorge foram deixar o carro em uma garagem. Passaram muito sufoco para isso, embora a garagem ficasse a apenas duas quadras do hotel. Lá ninguém respeita sinal, guarda ou qualquer regra de trânsito. Mas todos buzinam e muito. Um verdadeiro caos.
À noite saímos para jantar. Comemos o cuy - um porquinho da índia assado - e tomamos o vinho peruano Inti Palka, indicacao da Lia (embora a uva fosse diferente, tomamos um Malbec e ela um Tannat).

Decidimos fazer os passeios ao Vale Sagrado em um tour, para evitar o estresse de dirigir em Cusco e também para otimizar o tempo.

Pescadores tratando colhendo das redes os pequenos
peixes nativos do Titicaca

Praia do Titicaca em Capachica
O altiplano peruano
Feira de artesanato em Abra la Raya


Dia 14 - 14/11 - Vale Sagrado

Fizemos o passeio com a empresa Machu Picchu, e nosso guia (excelente) foi o Sr. Edmundo. A primeira parada foi num ponto onde vendem muitos artesanatos. Compramos algumas lembrancinhas e também tiramos fotos com uma mulher em  trajes tipicos, seu bebê e duas alpacas. A seguir, passamos em Pisac e depois visitamos um local onde se fabricam joias em ouro e prata. Almoçamos em Ollantaytambo no espetacular Tunupa. A comida é um buffet muito bom e variado, e o ambiente do restaurante é lindo, em um lugar à beira do rio. Depois fomos visitar os vestígios arqueológicos de Ollantaytambo.

Pisac
Pisac
Estes veículos são bastante populares no Peru
Nesse dia, ainda em Pisac, Alexandre começou a se sentir mal. Teve uma forte diarréia, acompanhada de uma indisposicão.
Saindo de Ollantaytambo passamos por um mirador de Chinchero e visitamos, nessa cidade, uma cooperativa de tecelãs. Foi muito boa a visita, onde nos explicaram como são lavadas, tingidas e tecidas as lãs de lhama e alpaca no processo artesanal. Compramos um belo caminho de mesa.
Voltamos para nosso hotel em Cusco. Jantamos no hotel mesmo, já que o Alexandre se sentia mal. 
Tecelãs trabalhando a lã com corantes naturais


Dia 15 - 15/11 - Machu Picchu

Fomos a Machu Picchu no dia do jogo
que decidiria a classificação do Peru para
a Copa da Rússia
Acordamos às quatro da manhã para o início de nossa jornada a Machu Picchu. O hotel nos preparou um lanche, para comermos no caminho. De Cusco à estação de Poroy são de 15 a 20 minutos de taxi. Chegamos com antecedência à estação porque ainda tínhamos que trocar nosso ticket pelos bilhetes. A estação me surpreendeu por ser bem bonitinha e organizada.
Nosso tem saiu 5h55. Fomos na empresa Inca Rail, que nos serviu lanche de bordo. Os assentos são bem pequenos, mas contam com uma mesinha entre os bancos. Foi uma viagem curiosa, pois o trem cruza, em alguns trechos, cidades e passa muito perto das calcadas. Ele passa apitando para que pessoas e cachorros saiam do caminho a tempo. Outra coisa curiosa é que o auxiliar do maquinista desce do trem varias vezes, para fazer as comutações de trilhos manualmente. Ele sobe e desce do trem andando, uma loucura! Por algumas vezes escapou de bater em alguma pedra por centímetros.
Chegamos a Machu Picchu faltando 15 para as 9h. Demos um tempo no centrinho, tiramos fotos e perto das 10h30 fomos pegar o ônibus. As passagens são caras! Foram US$ 24,00 por pessoa, ida e volta. Aqui também contratamos o guia, José, por mais 150 soles.
O ônibus sobe por uma estrada estreita serpenteando a montanha. Fizemos a visitação a Machu Picchu, mas Alexandre não ficou até o final, sentiu-se mal e teve que sair para ir ao banheiro e acabou ficando nos esperando do lado de fora.
Pegamos o ônibus de volta e almoçamos na cidade lá pelas quatro da tarde. Após o almoço fui com Alexandre ao serviço médico. Ele estava com uma infecção intestinal, causada pelo cuy ou pelo chincarón, não sabemos ao certo. Foi medicado e tomou soro. A consulta tinha um preço simbólico de 7 soles, e a medicação que ele recebeu (soro mais remédios para o tratamento) 32 soles.
Tentamos antecipar o trem, mas não tinha vaga nos horários mais cedo. Voltamos no das 19h. Chegando a Ollantaytambo, tivemos que caçar uma van para retornar a Cusco. (Visitar Machu Pichu é sempre uma aventura: ou vc encara uma trilha de quatro dias, ou precisa pegar taxi, trem, ônibus, trem e van...).
Nessa noite o Peru jogava contra a Nova Zelândia em Lima, numa disputa por uma vaga na copa da Rússia em 2018. A van demorou a sair, esperou encher, e o tempo todo ficou com o rádio transmitindo a partida, com a vibração dos muitos peruanos que estavam na van. Por solidariedade latinamericano, nós torcemos juntos. Ao final Peru ganhou com o placar de 2x0. O país não se classificava para uma Copa desde 1982, de forma que a festa foi grande. Chegamos a Cusco perto das 22h, e havia uma multidão fazendo um carnaval nas ruas. Encontramos muitos estabelecimentos abertos e optamos por uma saborosa massa no La Tratoria.

Loiva, Alexandre, Sandra e Jorge, no ponto mais distante da nossa jornada


Dia 16 - 16/11 - De Cusco a Puno

Carnes
Decidimos tomar café mais tarde, às 8h, já que o dia anterior tinha sido muito cheio. Depois fomos ao mercado Central de San Pedro, em frente ao nosso hotel, que é uma atração imperdível, parecendo uma volta ao tempo. O mercado é cheio de coisas inusitadas: vários tipos de milho, vários tipos de batatas, ervateiras sentadas no lado externo e uma seção de carnes que vende os cortes mais bizarros, como o focinho de vaca.
Após a ida ao mercado, fizemos check out e fomos para Sacsaywaman. Foi muito difícil checar lá porque o mapa de Cusco no GPS estava muito ruim. Levamos 1h20min para chegar, e o lugar era bem perto.

Focinhos!?
Os muitos tipos de milho cultivados no Peru
Ervateiras


... e mais ervateiras!!!



Sacsayhuaman foi uma espécie de fortificação, que fica em uma colina com uma vista bem ampla do restante de Cusco. O mais impressionante lá é a precisão do encaixe de algumas pedras gigantescas que formam o muro da fortificação.
Depois de visitar a cidadela, partimos, parando, logo em seguida, para comer uma trucha a la plancha (truta na chapa). Já era noite quando passamos por Juliaca. Chovia e havia menos trânsito, mas mesmo assim continuava terrível.
Chegando a Puno o GPS nos meteu por uma rua estreita na contra mão. De noite e com chuva, nao percebemos nenhuma sinalização (se é que havia alguma). Por sorte era uma rua curtinha e o motorista que vinha no sentido foi cortes diante da nossa barberagem.
Em função da chuva, jantamos no restaurante do hotel mesmo, coincidentemente chamado Lluvia. Já deixamos agendado o passeio as ilhas de Uros no lago Titicaca para o dia seguinte.

Dia 17 - 17/11 - Islas Uros e Puno

Acordamos muito cedo, tomamos café e ainda deu tempo para visitarmos a igreja de Puno em frente a Plaza de Armas.
No horário combinado, uma van veio nos buscar para nos levar até o porto, onde pegamos o barco. O trecho de navegação para chegar às ilhas é mínimo.
Visitamos duas ilhas de Uros. Na primeira recebemos explicações sobre o modo de  vida dessa população, como constroem suas casas, ilhas e barcos, do que vivem.  Basicamente vivem da caça, pesca, da totora (que é o junco que usam para construir as ilhas e os barcos e que também é comestível), do artesanato e do turismo.
Nessa primeira ilha eu e Alexandre visitamos uma das casas por dentro, enquanto Loiva e Jorge visitaram outra.  A segunda ilha ficava perto da primeira e não fizemos muita coisa lá, apenas tiramos fotos, tomamos um café e comemos um bolinho. A visita a Uros é bastante interessante, mas a exploração turística no local é intensa. Encontramos uma alemã que comentou que estava achando tudo muito "over". De fato, se a pessoa busca um passeio um pouco menos comercial, talvez seja melhor fazê-lo a partir de outro lugar. O Valter, nosso anfitrião no Inti Wasi, em Capachica, fazia o passeio para ilhas um pouco mais autênticas (segundo o que ele nos disse).

Os nativos de Uros habitam ilhas de junco flutuantes próximas a Puno


Na volta, almoçamos no Majsa, na Plaza de Armas. Maravilhoso!
Depois fomos caminhar pelas ruas do centro, sacamos dólares e fizemos câmbio.
Caminhamos até o mercado público, que não tinha maiores atrativos. Tentamos comprar umas coisas para uma janta no quarto do hotel, mas só encontramos um queijo. As condições de higiene do local eram horripilantes.


Voltamos para o hotel para descansarmos um pouco. Pela tarde nos separamos. Loiva e Jorge foram passear pela cidade (queriam andar de tuc-tuc, mas acabaram desistindo). Alexandre e eu fomos vagar pelas ruas trirando fotos. Na Plaza de Armas iniciava um desfile folclórico, que depois descobrimos que se tratava de uma formatura da universidade local. Achamos interessante a forma carnavalizada de comemorar uma formatura. O desfile se estendeu por toda tarde e incluía danças típicas peruanas como a llamerada e a diablada (inspiradas nas llamas e no diabo, respectivamente).
O trânsito, que já era confuso, ficou ainda pior, com várias ruas interditadas.
No hotel nos informamos onde ficava um supermercado e fomos em busca dos demais itens para a nossa janta.

Pequena multidão se aglomera para assistir o desf




Em Puno, parece que tudo acaba em carnaval...

... o desfile em questão celebrava a formatura da universidade local.


Na saída do super, passamos pela estação ferroviária e vimos a passagem do trem pelo meio do povo! A confusão parecia completa: gente fantasiada, guarda, tuc-tuc, carro, ônibus, cachorro... e um trem passando no meio de tudo isso!
À noite nos reunimos todos e tomamos um espumante e um vinho. Comemos nossos pães, pastas, salsicha e queijo no nosso quarto. Depois fomos dormir.

Dia 18 - 18/11 - De Puno a Chivay

Tomamos café bem cedo e partimos. Na noite anterior, Alexandre ficou até tarde pesquisando uma estrada alternativa que nos livrasse do transito de Juliaca. Depois de ver no mapa, pesquisar no Google Maps e falar com o porteiro, ele acabou descobrindo um caminha que evitaria cruzar o trânsito caótico da cidade.
Porém, como o mapa do Peru que tínhamos no GPS era ruim, acabamos nos perdendo. Percorremos uns 8Km em uma estrada de terra em péssimo estado, quando concluímos que havia algo errado. Nos informamos com um local e voltamos par o caminho certo.
A viagem até nosso hotel (El Refugio) em Chivay no Cañon Del Colca foi por um trajeto montanhoso muito bonito e com muitas paradas para fotos, principalmente no Mirador de Los Volcanos. Deste ponto, vários vulcões são visíveis, inclusive o Nevado Mismi, nascente do Amazonas.
Chegando a Chivay, logo na entrada da cidade tivemos que pagar 40 soles por pessoa a título de ingresso no parque. Esse preço era para latinos, outros estrangeiros pagam 70 soles.
Chegamos cedo a nossa pousada, que era díficil de encontrar pois não havia nenhuma placa ou sinalização, mas que era muito bonita em lugar de natureza exuberante, nas margens do rio Colca.
Após o check in  e um lanche no hotel, seguimos nosso passeio pela rodovia que costeia o Cañon até o mirador La Cruz del Condor. Lindos lugares, mas os condores não estavam lá. Ao que parece, é mais fácil vê-los pela manhã, entre 8h e 9h. O cañon del Colca é habitado e cultivado há milênios. O nome Colca vem da palavra quechua para local de armazenamento de alimentos. Ainda hoje é possível ver terraços cultivados em vários níveis.
Em uma das cidadezinhas no caminho, Jorge emplacou uma conversa com um ancião na praça, que explicou que a destruição tinha sido grande há poucos meses, no último terremoto. Quando Jorge disse que era do Brasil, ele apenas perguntou se aqui tinha terremoto. Não, não tem. Nós criamos nossas próprias desgraças.
Voltamos para cidade, abastecemos e fomos para pousada, que contava com uma piscina de águas termais naturais, bem quentinha, uma delícia.
A janta foi um buffet na pousada mesmo, mas estava tudo divino.
Ao voltar para o quarto, tinham deixado bolsas de água quente para aquecermos os pés e também chocolates. Tudo muito bom! Dormimos muito bem.

Nevado Mismi - 5.672 - Nascente do Amazonas
Terraços milenares do Cañon del Colca

Igreja numa das cidades do Cañon


Dia 19 - 19/11 - De Chivay a Putre (CHL)

Tomamos nosso café cedo e partidos. Foi um dia de longa jornada, mas com muitas paradas para fotos. Ainda perto do Cañon, passamos por um vulcão ativo.
A viagem transcorria tranquila, mas o trânsito na imediações de Arequipa, mesmo pegando a via Evitamiento, era um caos horroroso e lento. No Peru, ao que parece, raras cidades tem um anel viário bem estruturado. Assim, sempre que você precisa passar por uma cidade, seja Arequipa, Juliaca ou Puno, há uma perda de tempo considerável. Passada essa parte, a viagem fluiu bem.
Na aduana, novamente tivemos problemas com o papel que deveríamos preencher com a quantidade de passageiros. Não entendemos por que não disponibilizam isso na própria aduana. Não conseguíamos encontrar o tal formulário, mas por sorte um viajante chileno, ouvindo nossa conversa, se ofereceu para ajudar (e o melhor de tudo, não queria dinheiro em troca). Por alguma razão, ele andava com um bloco desses formulários no carro, e gentilmente nos cedeu um.
Passada a aduana, seguimos para o Hostel Pachamama em Putre. Putre fica a 3.500 m.a.n.m., a uns 130Km de Arica. O trecho que sobe a cordilheira é muito sinuoso e tem um tráfego intenso de caminhões que vem da Bolívia (Putre fica a uns 60Km da divisa com a Bolivia).
Após o check in fomos comer uma pizza no Café Putre e depois fomos dormir. Estávamos todos muito cansados.

Aridas estradas do Atacama peruano
A macro-região do Atacama é árida, mas alguns vales são cultivados,
como este, no caminho de Putre

Dia 20 - 20/11 - Putre
Jorge e a llama, digo, alpaca

Acordamos mais tarde um pouco para descansarmos bem. Tomamos café bem simples perto do hostal e seguimos para fazer nossos passeios. Loiva não acordou muito bem, provavelmente por um misto de altitude elevada, cansaço e alimentação temerária (sabíamos que devíamos comer comidas leves e evitar bebidas alcoólicas, mas era uma viagem cheia de tentações...).
Fomos até a laguna Chungara, que conta com um belo visual: lago azul com flamingos cor de rosa e uma montanha nevada ao fundo. Depois fomos até a cidade de Parinacota, que fica a 4.428 m.a.n.m. e que nos pareceu uma cidade fantasma (depois, acabamos descobrindo que a cidade conta com 28 habitantes, na sua maioria pastores). Nesse passeio de altitudes sempre na casa dos 4.500 m, Loiva acabou piorando. Resolvemos voltar para Putre e abandonar a ideia de visitar umas águas termais naturais nas imediações da cidade.
No hostel, o pessoal se ofereceu para levá-la até o posto medico, já que não há farmácias em Putre. O pessoal do Pachamama foi muito amável, chegando a ligar para o medico da cidade para verificar qual seria a melhor encaminhamento para a situação.
Felizmente, no posto concluíram que a saturação de oxigênio no sangue estava normal. Também estavam normais a pressão sanguínea e a frequência cardíaca. Ou seja, não era mal de altitude, mas apenas um mal estar decorrente da alimentação.
Passamos o resto do dia em Putre. Alexandre, Jorge e eu almoçamos na cidade e, à noite, preparamos uma janta no hostel mesmo.

Ema nas imediações do lago
A região de Putre tem muitos rebanhos de vicuñas
Laguna Chungara
Revoada de Flamingos na laguna
Igreja de Parinacota, 4.428 m.s.n.m.


Dia 21 - 21/11 - De Putre a San Pedro de Atacama
Jorge e Loiva no primeiro contato com o Pacífico

Loiva passou a noite bem e acordou melhor. Não acordamos muito cedo para que ela pudesse descansar bastante. Tomamos café perto do hostel e partimos, seriam uns 850Km de estrada.
Em Arica passamos em uma praia, para Jorge e Loiva terem o primeiro contato deles com o Pacífico. Dessa vez, Arica paramos em uma área mais bonita de Arica e impressão foi boa.
Mais ou menos na metade do caminho paramos em um posto para descansar e comer algo. Um dos melhores postos por onde passamos.
Quase não paramos para tirar fotos no caminho, primeiro por que já tínhamos passado por essa estrada e, segundo, por que saímos tarde e tínhamos muito chão pela frente.
Mesmo assim, já perto de San Pedro, concluímos que estávamos com o "jogo ganho", pois ainda era dia e faltava pouco. Assim, paramos em dois pontos para fotos com uma linda luz de final de tarde. O primeiro foi um centro de energia eólica; o segundo, no Mirante do Vale da Lua, já na chegada a San Pedro.
Em San Pedro ficamos na mesma casa da ida. Chegamos 20h02, e corremos para tomar banho, pois em San Pedro a agua fica fraca após 21h, e o boiler não aquece. Devido ao horário, optamos por jantar fora e não fazer janta em casa.

Parque eólico no caminho entre Calama e San Pedro
Vale da Lua ao entardecer
San Pedro




Dia 22 - 22/11 - De San Pedro de Atacama a Purmamarca (ARG) via Paso de Jama
Salar de Jama

Último dia de deslocamento do tipo passeio. Percorreríamos uns 400Km, mas como seria cruzando do Atacama a Purmamarca pelo passo de Jama, já era sabido que pararíamos muitas vezes para tirar fotos. Preparamos uns sanduíches para fazer lanche no caminho.
Ainda do lado chileno paramos para observar uma laguna congelada, um salar e alguma fauna (vicuñas, flamingos e outras aves). No passo de Jama os trâmites foram tranquilos. Após essa etapa burocrática, paramos em uma loja de conveniência e cafeteria em um posto no passo de Jama, que, pelo que nos lembramos, não existia quando passamos por ali há oito anos.
Entramos no Salar de Jama, que é bem grande e permite um acesso de carro ao seu interior por uma estradinha no meio do salar.
No caminho paramos em Salinas Grandes. Também não nos lembrávamos das piletas de sal. Ou elas não estavam ali, naquele ponto, ou paramos em outra parte da salina para tirar fotos.
Paramos também num ponto alto da Cuesta del Lipán para tirar fotos das nuvens que vinham subindo a montanha. Essas nuvens encobriram quase tudo, mas ainda deu para ver um pouco das curvas da estrada em um ponto um pouco mais abaixo.
Confluência com a famosa Ruta 40, em Susques
Já quase chegando a Purmamarca paramos para tirar fotos de uma paisagem quando fomos surpreendidos por um rebanho de cabras, que se aproximaram de nós assim que nos viram e depois correram em direção à estrada, deixando a pastora delas furiosa conosco e querendo nos cobrar pelas tirar fotos. Não demos bola, afinal não tivemos culpa no acontecido e nem sabíamos que havia cabras ali quando paramos o carro. Nosso interesse eram as montanhas.
Após o check in no hostel onde passaríamos a noite em Purmamarca, pegamos a estradinha do circuito de montanhas do Cerro Siete Colores. Já tinha passado um pouco da golden hour, mas ainda deu para tirar umas fotos bacanas.
À noite saímos para ver os artesanatos, mas as bancas já estavam quase todas fechadas. Passeamos um pouco pelo centro de Purmamarca e depois fomos jantar no La Diablada. Os restaurantes quase não aceiram cartões. Esse aceitava, mas.cobrava 10% a mais, achamos demais e preferimos pagar em dólares. O restaurante cobra 20 pesos argentinos pelo simples fato de nos sentarmos à mesa. Não gostamos do serviço e os pratos, todos que pedimos a base de lhama, não estavam muito bons. Gostamos do músico que tocava musicas regionais, bem simpático.

Pequena laguna congelada
Salar ainda do lado chileno
Selfie nas Salinas Grandes (ARG) - como viajamos muito sozinhos,
já tirávamos esse tipo de foto muito antes disso se tornar comum

Cuesta del Lipan coberta de névoa (demos azar)

Cabras da mulher braba

Morros multicoloridos de Purmamarca

Purmamarca

Igrejinha de Purmamarca


Dia 23 - 23/11 - Purmamarca a Saenz Peña
O cafe da manhã do hostel nos surpreendeu positivamente. O rapaz que nos atendeu durante o tempo em que ficamos hospedados nos deu erva para o chimarrão, coisa que não se tinha mais. Loiva e Jorge seguiam tomando chimarrão sempre que conseguiam erva. Alexandre parou de tomar no início da viagem, por causa do problema de refluxo.
Loiva disse que a carne de lhama da noite anterior caiu pesada. Nesse dia nos deslocamos para Saenz Pena, e Loiva começou a se sentir meio mal da barriga durante o trajeto, na parte da tarde. Nesse dia conseguimos um restaurante bom para comer na estrada. Simples, mas tudo fresquinho, saboroso e bem servido..
Em saenz Pena procuramos outro hotel, já que o da ida era muito ruim. O melhor hotel da cidade estava lotado. Conseguimos vaga no Presidente que, pela aparência, foi o mesmo onde ficamos na nossa outra viagem.
Hotel simples, muito melhor que o da ida, mas ainda assim precisando de melhorias.
Descansamos um pouco e quando fomos chamar a Loiva e o Jorge para jantar, descobrimos que ela seguia passando mal.
Decidimos tentar um médico. Alexandre acionou o seguro, mas a clinica que eles nos indicaram não dava recibo para atendimentos de emergência. Achamos isso estranho, mas estávamos cansados demais e com fome para ir até o hospital, onde o atendimento era gratuito. Deram uma injeção na Loiva e sugestões de alimentação e uma prescrição de loperamida (principio ativo do Imosec).
Loiva e Jorge foram para o hotel e fui com o Alexandre jantar. A janta demorou a sair, mas estava gostosa. Fomos dormir tarde.

Dia 24 - 24/11 - Saenz Peña a Foz do Iguaçu (BRA!!!)
Após o café (bem ruinzinho por sinal), seguimos rumo a Foz. Loiva passou bem durante a viagem.
Almoçamos no mesmo self-service da ida, meio que por coincidência. Lova almoçou também, pois estava se sentindo melhor.
Outra parada foi em um posto onde encontramos umas empanadas e chipas já na ida que estavam maravilhosas. Essa parada a gente veio procurando até achar. Depois, a outra parada foi no free shop. Foi meio decepcionante pois acho que eles não aderiram ao black friday e, além disso, estava tudo muito caro. Não tinham alfajores (estava em falta), então comprei uns chocolates e fomos para Foz.
Na noite anterior já tinha feito reserva no mesmo hotel em que ficamos na ida. Assim foi melhor para evitar ficar procurando hotel. Já fomos na certa.
Após o check in, saímos para jantar. O hotel fica perto de uma rua cheia de restaurantes. Fizemos o brinde da despedida com espumante, mas a Loiva foi de água com gás porque ainda estava se recuperando.

Dia 25 - 25/11 - Foz do Iguaçu a Penápolis
Após tomarmos o café os quatro juntos, Alexandre e eu pegamos a estrada. Mais tarde, Jorge e Loiva foram para o aeroporto, tomar o voo deles de volta para Porto Alegre. Uma tempestade que caiu em Foz fez com que todos os voos fossem cancelados. Passaram o dia no aeroporto, perderam a conexão deles em SP e acabaram em um voo para o Rio, onde passaram a noite.
Alexandre e eu seguimos tranquilos e sem chuva (só uns pingos) até Penápolis, em SP, onde dormimos no Bigs, um hotel bem simples, porém limpo e com um café da manhã bom.

Dia 26 - 26/11 - Penápolis a Brasília
Loica e Jorge conseguiram embarcar para POA e pegar o ônibus para Pelotas. Chegaram a Pelotas de tarde.
Alexandre e eu seguimos na estrada que passa por Catalão, que é mais curta e mais rápida do que a que passa por Aparecida de Goiânia. Chegamos domingo à noite em BSB.